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A mostrar mensagens de 2005

Depois...

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(o tempo está a passar… tenho que, tenho que… preciso de… preciso…) Depois havia aquele muito giro, de olhos verdes, um perdidinho! Fumava ganza até cair para o lado, ele dizia que era para espantar o sono, mas eu sabia que era para se espantar, para se surpreender. Muito giro esse, viajado, conhecia a Amazónia e tudo! Giro, giro, mas completamente destravado…Houve, depois, aquele idiota com uma namorada na Noruega, com quem falava num inglês macarrónico. Esse idiota, com ejaculação precoce e grandes planos, inconcretizáveis, mais um idiota burguês, um beto com a mania que era freak, mais um anti-sistema com os seus ténis Adidas e as suas incontáveis viagens aos destinos que todos os pseudo-freaks adoram… Praga, Budapeste, Zagreb… Havia também um louro com cérebro de galinha, que corria e fazia mais não sei o quê. E, depois, um outro loiro, que tinha uma paixão assolapada pela prima e que cheirava a natas azedas… Depois, aquele muito doce e muito alto e muito inocente, que me trocou po...

Vale a pena ser lido...

Vaticano: Papa Bento XVI decreta desaparecimento do limbo Igreja abre portas do Céu a bebés sem baptismo Ricardo Cabral O Papa Bento XVI prepara-se para decretar a desaparição da figura do Limbo (local, entre o Céu e o Purgatório para onde se dizia que iam as crianças que morriam sem ser baptizadas), estabelecendo que os bebés que morrem sem receber o Sacramento do Baptismo vão directamente para o Céu, “graças à Infinita Misericórdia de Deus”. A questão está a ser debatida em Roma, na reunião da Comissão Teológica Internacional, que congrega mais de duas centenas de teólogos de todo o mundo, e o documento deve ser apresentado ao Papa este fim-de-semana. O cónego Costa Neiva, professor de Sacramentologia na Faculdade de Teologia de Braga, disse ao CM que o “o Limbo foi uma figura criada por S. Tomás de Aquino, no século XI, para resolver o problema das crianças que morriam sem baptizar e que, segundo a doutrina anterior, iam para o Inferno”. FIM DE UMA CR...

Dancing with myself

"Tenho de ter calma, senão não chego a velha..." Às vezes penso que, se repetir este mantra, ele se vai infiltrar no meu inconsciente e irei, finalmente, absorver esta mensagem tão simples, mas tão dificil de acatar: eu não posso mudar o mundo. É... não dá mesmo. Isto a propósito de tanta coisa... do trabalho, que não é suficiente, do tempo, que não chega, do amor, que não é perfeito, do sexo, que é pouco, do dinheiro, das viagens... Apetecia-me não dedicar tanta energia física e mental a tudo o que me rodeia, para não me sentir tão exausta, tão sem chão... Cheguei a uma altura (perceba-se... não cheguei a lado nenhum, estou a passar...) em que tenho MESMO que controlar os meus ímpetos emocionais, sob pena de perder o fôlego para o resto da vida. Gostava de experimentar a calma, aquela calma que julgo sentir quando nada me entusiasma, quando os dias passam cinzentos, quando passeio sozinha e isso não me aflige... Mas não consigo: penso nela com toda a força, empenho-me, invoc...

Normalidade

"A normalidade é uma ilusão imbecil e estéril"

Casa Pre-Fabricada

"Abre os teus armários. Eu estou a te esperar para ver deitar o sol sobre os teus braços castos. Cobre a culpa vã ... até amanhã eu vou ficar e fazer do teu sorriso um abrigo. Canta que é no canto que eu vou chegar. Canta o teu encanto que é pra me encantar. Canta para mim, qualquer coisa assim sobre você.Que explique a minha paz. Tristeza nunca mais. Vale o meu pranto que esse canto em solidão. Nessa espera o mundo gira em linhas tortas. Abre essa janela, a primavera quer entrar pra fazer da nossa voz uma só nota. Canto que é de canto que eu vou chegar. Canto e toco um tanto que é pra te encantar. Canto para mim qualquer coisa assim sobre você que explique a minha paz. Tristeza nunca mais" Maria Rita "Casa Pré-Fabricada" Segundo

Cidade

Apenas a voz evanescente de uma guitarra. Apenas uma guitarra, meu amor, O som da Cidade...e o doce traço do teu rosto Fios de ouro na minha mão, minhas mãos Meu coração. Apenas a voz grave de uma guitarra. Só mais um acorde, uma dor Uma dor de te olhar, sem fim Duas esmeraldas, luz, luz Meu amor. Apenas a Cidade como presença. Um rio, que nos protege Casas caiadas, cegas, as janelas E as ruas, perdem-se, desencontram-se Achei-te. Tu, aqui, eu.
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A "Missa" 

A "missa"

Missa I Quando eu era pequena, a minha mãe obrigava-me a ir à missa. A eucaristia foi, até aos 12 anos, um castigo dominical que eu, agnóstica avant la lettre do conhecimento sobre o significado da expressão, cumpria religiosamente. O ritual causava-me uma verdadeira angústia, com repercussões psicológicas e até físicas. Como é tradição nas terras pequenas, que regem o seu quotidiano pelos calendários paroquiais, o Domingo é dia de festa. Da festa do Senhor e da Senhora. E, já agora, das senhoras, que se emperiquitam com as melhores fatiotas para ouvir a palavra divina. Nos primórdios da década de 90, as multinacionais de pronto-a-vestir eram uma miragem e as fatiotas domingueiras provinham das mãos de fada das modistas. Comprava-se o tecido, que era levado à costureira. Eram tiradas as medidas e, duas provas depois, a farpela estava pronta. Havia uma mania qualquer com os vestidos, com golas de renda e laçarotes na cintura. Fazendas ásperas, de cores medonhas, que estrangulavam o pesc...

NOTA: AUTARQUICAS

O povo é (estupidamente) soberano.

"My Soul Has Grown Deep Like The Rivers"

Não sei se esta ressaca vai passar. Duvido que, num futuro próximo, consiga encarar um homem sem desconfiança, sem pensar numa traição, numa mentira. Mas verdade seja dita: duvido que exista algum homem tão inseguro, tão mentiroso, tão cobarde e incapaz como ele era. Não pode! Mesmo que haja, será sempre diferente, porque será um outro homem, uma outra situação. Venham eles! Venham eles, os homens, venham os sobressaltos, venham os fascínios, as dores de cabeça, os telefonemas. Não queria problemas mas, já que os atraio, que sejam novos. Que sejam outros. Após uma quantidade abusiva de horas fechada naquela selva de aço e betão,olhei-me de fora, em câmara lenta e pensei... "Já está! Já te deixaste apanhar!". Não, não foi do cansaço, não foi da fragilidade natural após tantas horas sem dormir. Nem sequer dos meses "a seco". Foi porque tinha que ser. E, mesmo assim, continuo sem perceber esta minha atracção pelo abismo, por estes homens que, ao primeiro olhar, passam ...

Voltei (azar dos azares)

Nunca ocupei este mísero ciber-espaço a dissertar sobre a minha vidinha (real). O que escrevi, até agora, sempre teve uma lufada de ficção, porque esta cabecinha sabe que, no fundo, nobody gives a fuck, e há coisas mais giras para se ver (e ler) na net do que este meu caro blogue. No entanto, vejo-me obrigada a abrir uma excepção, para explicar a minha ausência. Há um mês atrás, resolvi, numa das inúmeras pausas aqui no local de labuta, enviar uma mensagem a um jovem, encontrado ao acaso no hi5 (essa estranha rede de gente). Tenho de admitir que a abordagem não foi das mais felizes, mas o rapaz tinha uma foto onde, com um cravo na lapela, gritava (por escrito, claro) "25 de abril sempre... mas não sou COMUNA". Excesso de zelo ou falta do que fazer, deixei uma notinha menos simpática ao rapaz. Que, pelos vistos, não gostou do apontamento. E, a partir de então, desenrolou-se uma troca de galhardetes que não irei reproduzir aqui. O sumo do desentendimento resume-se ao seguinte: ...

Quote day

"A mi me encanta la gasolina (dame mas gasolina!) A mi me gusta la gasolina(dame mas gasolina!)" George W. Bush

Jazzamor

Lisboa é jazz. Desligaram os telemóveis, depois de um dia comum, a atender chamadas de clientes, fornecedores, publictários, a mãe que quer saber se tinha almoçado em condições. Partilhavam um pacote de batatas fritas, oleosas e estaladiças, quentinhas. Estranho petisco para um final de tarde de Verão! A mesa estava estrategicamente colocada num ponto que não dava muito nas vistas. Atrás de um pilar, num dos lados daquele rectângulo, daquela praça. Era mais um daqueles centros comerciais com aspirações a centro cultural, com programas "culturais" para entreter tios e betos. Betalhada que, no intervalo da compra de uma camisa Burberry's ou uma sandália Moschino, se refastela numa mesa a beber um ristretto (uma bica). Betos clássicos, betos cinéfilos, betos anti-betos, homens engravatados acabados de sair do banco, casais recém-formados, com aquele ar de quem descobriu o amor entre um balancete e uma apólice. Muita gente. E eles. Falavam sobre assuntos banais, os amigos que...
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Liiiiindassss!!! 

Gajas I

Há coisas que eu, como mulher, tenho uma certa dificuldade em entender. A sério, houve alturas em que me olhei atentamente no espelho e procurei, em vão, um pénis (ou algo do género). Simplesmente porque me sentia radicalmente diferente das minhas companheiras. Ok, ok, já sei que isto deve soar muito "independente-Alannis-Morissette-revoltada-feminista-queima-soutiens", mas é verdade. São coisas que me apoquentam! Tendo chegado à conclusão que não existia ali nenhum penduricalho, mas "apenas" um "pipi", pus-me a pensar no que me incomodaria nos hábitos femininos considerados "normais". - Pedir roupa emprestada : "Ai, ai, são 7 da tarde e tenho uma festa faaaaaaaaannnnntásssstica logo à noite! Olho para o armário, e de entre os 1500 pares de calças, 500 saias e 900 tops não consigo encontrar naaaaaaaaadaaaaaaaa para vestir!! ( suspiro )!" Soa familiar? Pois... A maior parte das minhas "irmãs", não sendo particularmente abonadas...

24

24 horas de pé. O cansaço havia de fazer os seus efeitos. A combinação-cliché: Bairro e Lux. Mais urbano, decadente, pós-moderno e chique não podia ser. E, no entanto, no desencanto do desamor da cidade, descubro um novo motivo para viver. O inesperado juntou-nos à mesa, entre discussões sobre política e cálices de Porto. Bebia compulsivamente e falava em tom arrogante como se, do alto dos seus poucos anos, fosse dono da verdade e se dignasse a partilhar uma pequena parte da sua sabedoria connosco, pobres mortais. Um miúdo. Ao seu lado, senti-me infinitamente velha e cansada. Olhando-me no reflexo dos espelhos, via as rugas que me marcavam o contorno dos lábios, os meus olhos cépticos, cinzentos, de um verde nocturno. E ele, mesmo ali ao meu lado, apolíneo e fresco, bronzeado. Falava de viagens. Falava, falávamos e não dizíamos nada. Típico... já se está a ver no que é que isto vai dar... Um nome conhecido faz os seus passes de mágica no altar. Prostramo-nos em seu redor, fazendo vénia...

É melhor fechar os olhos

Pensava que os ecrãs da Metro TV eram os únicos espécimes que contribuiam para o agravamento do stress do cidadão incauto que sobrevive nos túneis de Lisboa. Afinal o fenómeno não se restringe ao transporte subterrâneo da capital. Nos últimos dias tenho utilizado a Vimeca (passo a publicidade - Tansportes de Lisboa) e descobri que estes autocarros também estão equipados com elegantes ecrãs plasma, transmitindo conteúdos produzidos pela Bus TV. Não faço ideia quem são os génios por detrás deste tipo de programação, mas gostaria aqui de explanar um pouco sobre a mesma. À semelhança da SIC Outdoors (que polui a praça da alimentação do Colombo), a Bus TV fornece generalidades como a metereologia, a previsão diária do zodíaco (eu, signo Peixes, tive uma certa vontade de apanhar o autocarro na direcção oposta ao local de trabalho, de tão catastrófica que era a minha sina) e publicidade institucional. Mas a verdadeira pérola é a anedota em forma de cartoon. A fórmula é simples: recorre-se ao ...
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Eles voltaram! 

O melhor de mim (digam o que disserem)

Eu fui uma fanática. Não apenas uma fã, uma fanática. Posters, T-shirts , cd’s, vídeos, gritos histéricos… tudo! A minha adolescência foi marcada por este tipo de doença que ainda ninguém conseguiu explicar com precisão. O meu objecto de adoração? Os Backstreet Boys. Eu sabia tudo sobre eles. Nomes completos, datas e locais de nascimento. Todas as letras de todas as músicas dos álbuns, de cor. Conseguia escrevê-las, se fosse preciso. Não dormi quando um deles foi operado ao coração, quando a irmã de um deles morreu. Ridículo, claro. Investir energia, dedicação e dinheiro em pessoas que nunca se vai conhecer. Adorar uma imagem que é construída por peritos em música pop , relações públicas, publicidade… enfim. Isso sei-o, agora que passaram quase 8 anos desde o início dessa febre. 8 anos depois, já não tenho 14 anos, tenho 22. já não ando no liceu, estou prestes a entrar no mundo do trabalho. Porque me lembrei de uma adoração pateta? Por várias razões: a primeira, mais óbvia, porque os B...

Too sensitive

Esse teu swing , sério, samba, bossa nova, jazz , tão bom Tão bem. O teu ar assim, fechado, vem, meu bem, meu anjo, meu céu. Cuida de mim como cuidas de ti Do espaço, do chão Sem luz, só a lua, o sol Meu bem. Vem para cá, para o meu canto Hei-de tocar na tua história Como ninguém jamais o fez. Meu bem, meu swing , bossa nova, jazz, meu amor Vem.

A morte do Homem

A morte do Homem. O último dos comunistas. O último dos políticos. Cunhal morreu amargurado. Outra coisa não seria possível. Como pode alguém morrer em paz quando sempre soube, no seu íntimo, que o seu rumo era inconcretizável? O comunismo português como projecto nunca passou da ilusão, da utopia. Mais grave foram os resultados dos regimes que a doutrina de Marx, Engels e Lenine (erradamente interpretadas) fabricou ao longo do século passado. Milhões, como Álvaro, morreram por esta causa maldita. Por ela ou contra ela. Qual é a magia? Que encanto religioso encerra a bandeira vermelha, com a foice e o martelo estampadas? De Cunhal sei muito pouco. Sobretudo memórias visuais, dos seus últimos anos à frente do PCP. A caricatura daquele homem, de sobrancelhas fartas, olhar ameaçador e discurso impertinente marcaram a minha infância e dela apenas recordo ecos televisivos. As suas intervenções intermináveis nas festas do Avante, o ódio contido e reverencial que os mais velhos (saudosistas da...

Urgentemente

É urgente o amor. É urgente um barco no mar. É urgente destruir certas palavras, Ódio, solidão e crueldade, Alguns lamentos, Muitas espadas. É urgente inventar alegria, Multiplicar os beijos, as searas, É urgente descobrir rosas e rios E manhãs claras. Cai o silêncio nos ombros E a luz impura, até doer. É urgente o amor, É urgente permanecer. Eugénio de Andrade

Um homem normal (continuação)

As luzes estroboscópicas quase o cegaram, tal era a intensidade do aparato luminoso do sítio. Após o branco inicial, começou a distinguir os contornos do espaço. Havia muita gente, muitos corpos apinhados, com muito pouca roupa. A casa era realmente bem frequentada! Na pista bamboleavam jovens de aspecto felino, cabelos cuidadosamente penteados, alisados à força de ferros estilizadores e o último grito em produtos de estética capilar. Tinham todo o ar de modelos, manequins… ou prostitutas de luxo. Tanto lhe fazia, ia dar ao mesmo. De qualquer maneira, aquelas gatinhas esquálidas não lhe diziam muito. Quer dizer, não se importava de levar uma delas para casa, para provar, pelo menos uma vez na vida, aquela (pouca) carne de marca, aquelas pernas compridas e aqueles pescoços de gazela. Mas não. Aquele tipo de mulher não lhe inspirava confiança. Guiado pelo sabedor amigo, que o conduzia aconchegado debaixo do seu braço musculado, foi-se aproximando do bar. O monólito de aço inoxidável e vi...
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Dias assim 

Dias assim

Vi o rubro das papoilas, pixelizadas pelo amor dos teus dedos. Há pouco, olhei-me no espelho e encontrei-me. A seguir, encontrei o que julgava perdido. A atenção, os meus amigos, as cores nas ruas, o sol na janela, a profundidade de outros olhos. Já me julgava perdida no espelho! Enquanto o café fumega na chávena familiar, percorro as linhas da tua voz e leio-te no corpo plano, no plasma que nos separa. Admirável ventura, este cabo coaxial, esta fibra óptica, que te traz até mim e te entranha nas minhas fibras, na minha roupa, no meu músculo, no suor da minha carne, na leveza da minha alma. E sinto paz. Há tanto por fazer, tanto por estudar, o pó para limpar, a roupa por arrumar. Eu vou fazê-lo. Com calma. Já não tenho de prestar provas nem mostrar que sou melhor. Vais limpando, devagar, a minha vontade de vingança, a minha dor, o meu mal-estar. E eu vou arrumando as recordações. Devagar.
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Don´t wanna love you, just wanna fuck you 

Don't wanna love you, just wanna fuck you

Regresso a casa tarde. Já se vai tornando um mau hábito. A roupa suja transborda no cesto e espera que eu a coloque na máquina. A casa-de-banho precisa urgentemente de uma limpeza. Estou cansada. Observo o meu reflexo, os dois círculos roxos debaixo dos meus olhos. Quem me dera que eles estivessem aqui, a vincar o meu rosto, devido ao excesso de trabalho ou ao esmero doméstico. Mas não. As minhas olheiras são o mapa das tardes que passo a foder contigo. Esta sombra escura na minha pele conta as histórias do teu corpo sobre o meu, da clandestinidade das fodas que me dás. Há dias em que só me apetece ficar aí contigo, esquecer que o meu marido me espera, acostumado a que a minha presença surja, o mais tardar às 21 horas. Há tardes em que me dizes que queres mais, em que vemos o sol esconder-se atrás das colinas da cidade e, na ânsia de não nos perdermos, encontramo-nos mais uma vez. Por vezes cruzo-me com a tua mulher, no caminho para casa. Olho-a, sou uma desconhecida. Reconheço-a das p...

Os homens que amei

Os homens que amei… Seres meigos e frágeis Olhos húmidos Corpos de calor Em mim Homens de música Almas da arte Mãos minhas Manhãs de sol Chuva, silêncio, o caos do trânsito Um beijo roubado antes do fim.

Um homem do tempo

A minha primeira reacção quando ouvi o nome "Ratzinger" ecoar pelo aparelho televisivo foi de uma tremenda desilusão. Esperava tudo, menos o óbvio. Não sendo crente, a eleição de Bento XVI não me afecta particularmente. Interessa-me sim saber quem é (porque quem foi, como Cardeal, é já sobejamente comentado) este homem. Tive a oportunidade de ver uma entrevista do (ainda) Cardeal Ratzinger e fiquei impressionada com o discurso calmo deste homem. Tocou-me a sua profunda inteligência e clareza. Do que lhe falta de emoção (e não penso que lha falte.Apenas um pouco de entusiasmo físico), sobra-lhe de clarividência. É um intelectual da Igreja, um pensador, alguém que compreende a dimensão complexa das questões que perpassam os tempos de hoje. Reti na memória uma frase em particular, que revela um humanismo tocante, uma profunda consciência do Mundo enquanto mundo dos homens. "O Homem pertence à temporalidade"
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Benedictvs XVI 

O Modo de Entender o Sofrimento

Porque hoje é Domingo e o primeiro dia depois da morte de João Paulo II, apresento aqui excertos de dois textos (um académico, outro jornalístico) que reflectem sobre a forma como a Igreja Católica trata as questões da dor, do sacrifício e da morte. Os momentos que antecederam a morte de Katol Wojtila, altamente mediatizados, adquiriram um carácter quase canibalista, de excitação quase doentia na contagem dos segundos até ao suspiro final. Numa altura em que se discutem questões prementes como a dignidade do doente e a eutanásia,é importante reflectirmos sobre a desnecessária glorificação do sacrifício e da dor. "(...) o Cristianismo trouxe para a comunidade humana uma nova ordem temporal à qual o apocalipse e o escatológico pertenciam como condição de redenção para o 'outro mundo'. Como viver então num tempo que prega, ao mesmo tempo, o Reino de Deus e o fim da história, neste anúncio imanente do fim do tempo? Como viver no medo do desaparecimento de tudo? Neste clima exa...
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Adeus, Karol 

Morreu o Papa Peregrino

Karol Jozef Wojtyla 1920 - 2005 Se a História da Humanidade fosse escrita apenas numa página, o nome de João Paulo II constaria nos parágrafos iniciais. Durante o seu Pontificado, que durou 26 anos, João Paulo II teve um papel social e político crucial em mudanças mundiais tão importantes como o final da Guerra Fria, a Queda do Muro de Berlim e a oposição à guerra no Iraque. O seu trabalho para a paz e diálogo entre os povos não deixou ninguém indiferente à sua caminhada, mesmo os não-crentes. João Paulo II, conservador em muitas das posições da Instituição da qual era chefe, foi o Papa da globalização, um verdadeiro político, que levou a força da palavra, a tenacidade da liberdade aos quatro cantos do planeta. Foi o Papa da globalização, da era mediática. Foi o único Papa que a minha geração conheceu.
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aaaah... homens... 

Fascinação

Os homens fascinam-me. É verdade. E penso que isto não tem apenas a ver com o facto de eu ser mulher / heterossexual / não-frígida. Há algo que me impressiona profundamente nas relações masculinas, algo que me toca quando observo um grupo de homens em convívio. Sinto inveja da forma atabalhoada, mas diplomática como os machos estruturam as suas amizades. As palmadas nas costas, a sua forma "carinhosa" de falar sobre nós (fêmeas). Com o meu historial, por esta altura, deveria odiar toda a raça masculina, todos os seus exemplares existentes à face da terra. Mas não consigo! Se dissesse que os odiava, estaria a ser hipócrita. Tal como a maioria dos homens, eu também adoro descansar o meu olhar em rapazinhos (e homenzinhos) bem torneados, com olhares profundos e interessantes... Não consigo odiar os homens... porque os adoro! Adoro a forma desarranjada e infantil como convivem . Adoro as conversas que têm, a forma como conseguem viver e conviver à base de assuntos que para nós, ...

Aos meus amigos

22 anos. Apercebo-me que, mais do que celebrações, presentes (apesar de gostar muito... ihihi...), o que importa neste momento é agradecer a quem me acompanhou neste último ano, particularmente difícil. Quero tornar público o meu amor, carinho e amizade por aquelas pessoas que me acompanham com a sua sabedoria, alegria, companheirismo, loucura, solidariedade, inteligência. Vocês são únicos. Obrigada. Ana Raquel Teixeira (Teixeirinha): pela sensatez, pela calma, por me fazer ver o mundo de outra perspectiva. Pelos momentos de tolice, os dias (e noites) no Fura. A minha companheira na nobra arte de apreciação do sexo masculino (Upa! Upa!) Inês Correia: A minha piolha, paciente ouvinte das minhas descaragas de raiva, acessos de fúria e emoções descontroladas. Mereces um prémio pela paciência! Grandes conversas de Domingo à noite! Eduardo: Companheiro de lutas, ilusões e desilusões. Estiveste sempre lá, no melhor e no pior. O homem que, um dia, me entendeu. Agradeço a tua compreensão, o...
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A crise abre uma janela para a nossa alma 

A Crise

"Depois de uma crise seremos transformados para sempre" Porque hoje é Domingo, aqui fica um excerto da Revista XIS, relacionado com o tema "Crises de Crescimento". Todos somos marcados por elas, mesmo que não nos apercebamos do traço de mudança que elas deixam na nossa vida. Para reflectir. Quanto mais ignoramos as crises, mais os problemas se avolumam. Assumi-las é uma regra de ouro que previne o sofrimento e desenvolve a coragem necessária para olharmos para dentro de nós, encarando de frente os problemas. Não temos culpa que as crises rebentem, mas devemos ter consciência que, de alguma forma, podemos ter contribuído para a sua construção. Scott Peck, autor do célebre livro "O Caminho Menos Percorrido", afirma que devemos absolutamente responsabilizar-nos pela pessoa que somos, em todas as áreas da nossa vida. Fugir a estas responsabilidades significa, por exemplo, escamotear situações que nos desagradam e que pretendemos não ver, "empurrando-as...
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Um homem normal 
Um homem normal Ele não era um homem de excessos. Bebia o seu copo de vez em quando, fumava um charro com os amigos, aos fins-de-semana. Jogava no Euro Milhões. O emprego pagava bem, não tinha razões de queixa. As prestações do carro estavam em ordem, as da casa também. A vida corria. A mulher não lhe dava problemas. Bonita, sem ser espampanante, engraçada, mas não demasiado inteligente (as mulheres inteligentes davam-lhe dores de cabeça). Estavam a pensar ter o primeiro filho. Ela andava entusiasmada com papel de parede com ursinhos, babetes e biberões, ele com a satisfação de formar a sua prole. Às Sextas fodiam. A mulher não o excitava demasiado, dava-lhe tesão suficiente para levar a cabo o acto. Era meiga, carinhosa. Iria dar uma excelente mãe. Às Sextas, “faziam amor”. Legítima e legalmente. Perante Deus, o Estado e aqueles horrorosos candeeiros que ela insistira em comprar. Era Sexta-feira. Encontraram-se com os amigos. Três casais, entrando nos trinta. O grupo do costume, no b...
Doce melancolia da paixão Doce amor reencontrado Cálida luz, suave dor Calmaria... o vento nas nuvens, nos cabelos, nos teus cabelos. O silêncio dos ruídos da cidade, os espelhos nos olhos dos estranhos As ruas... ruas... ruas... Sorrimos. Assumimos sem vergonha estarmos vivos.
"Espero que todos tenham aprendido a lição a bem da Democracia e de Portugal" José Sócrates
Dura como o aço, delicada como uma borboleta Quanta saudade tua, meu amigo! Quantos meses percorridos, meses que ultrapassam as pontas dos meus dedos! Quantos quilómetros percorreram eles no teu corpo, no papel, nas palavras. Quanta saudade do que nunca existiu! Vem a mim, meu amigo, celebremos a alegria de nunca termos sido, a certeza que nos queima a alma, a dor de estarmos vivos e conscientes! Tudo se torna mais leve com a cadência inevitável do tempo. Até a inquietude se apazigua. Aprende-se a ficar, a ser um bocadinho menos fraco do que se era no passado. Já nos quedámos lá atrás. O que éramos morreu, sem quase darmos por isso. Mas…vem. Vem, dessa tua maneira, vem de qualquer maneira. Vem, que haverá sempre uma casa à espera. Nunca faltará pão e vinho para te receber. Nunca faltarão os abraços, o beijo morno já teu conhecido, aquela estranha paz.
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Vamos jogar à cabra-cega...  
Porque hoje é Domingo... Porque hoje é domingo e a racionalidade para produzir algo de coerente não abunda, prefiro citar na íntegra a crónica de Vasco Pulido Valente, da edição de hoje do "Público". Se não fosse pelo frio que se faz sentir, diria que estamos em plena silly season , tal é a quantidade industrial de disparates que se têm dito (e publicado) nos últimos dias. Até os jornalistas já começam a perder a paciência para os políticos. O que vale é que só falta mais uma semana. Ufa! Small Is Beautiful? Por VASCO PULIDO VALENTE Este fim de campanha, toda a gente descobriu um fraquinho pelos pequenos partidos. Ontem, aqui mesmo, o "sobe e desce" punha Portas, Jerónimo e Louçã a "subir", e a "descer" Santana e Sócrates. Também o "Expresso" dava o "alto" a Jerónimo e o "baixo" a Santana. E, pelo que se vê na televisão e se ouve na rua, há de facto uma condescendência especial para tudo o que não seja PS ou PSD. Ist...
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Amoroso, não é? 

Especial Dia de Sao Valentim

Especial Dia de São Valentim!! (leitura não aconselhável a pessoas sensíveis, aquelas que acham "normal" oferecer ursinhos de peluche às caras-metade) Pois é. Já cá faltava um especial dedicado ao Dia dos Namorados, essa grande data dedicada ao "amor". Não me vou perder em considerações sobre a origem desta celebração, mas aviso-vos já que não tem raiz na tradição católica, uma vez que São Valentim nem sequer é padroeiro do dia 14 de Fevereiro. Os tarecos desse dia são S. Cirilo e S. Metódio, padroeiros da Europa...bem, não interessa. Porque é que existe, não sei. Mas existe, é um facto. E nós temos de levar com isso, uma vez por ano. Tão certinho como o Sócrates ganhar as eleições. Portanto, há que fazer algo para tornar esta comemoração um pouco mais original... e menos aborrecida. Eu sei que há por aí muito boa gente que começa, já em Dezembro, a matar a cabeça, tentando descobrir que presente/surpresa oferecer à sua alma gémea. E depois, há aqueles que, até às 2...
Rock the vote, shake the country A taxa de abstenção eleitoral ronda os 40%-60%. Vivemos num regime democrático, temos o direito de eleger as pessoas que queremos ver a governar o país. E, em vez de perdermos 30 minutos nas urnas, ficamos em casa nos Domingos de eleições, ou optamos por dar a passeata costumeira pelos inúmeros shoppings do nosso Portugal. Porquê, minha gente? São só dois ou três Domingos aqui e acolá! A Zara, a Berskha, o Macdonalds e a Picanha não vão acabar se a malta não for lá deixar os euros no dia 20! Votar não doi, até pode ser agradável. Dão-nos papelinhos, caneta, enfiamo-nos num cubiculozito e fazemos uma cruzita no quadrado que mais nos aprouver (ou não fazemos cruzita... fazemos uns macacos, ou escrevemos "SLB FOREVER"... ou nada, vulgo "voto branco"). Depois disto, estamos livres para ir dar a volta dominical com os putos, a sogra, a "entourage" toda. Mentalizemo-nos disto: ou vamos todos ou não vai ninguém. Porque, se for ap...
A cicatriz, aquela marca que me marca, encontro-a nestas novas faces. É como se me visse ao espelho, como se reconhecesse neles os restos das dores que me afligiram. Mas isso não me faz sentir mais calma, mais segura, não me faz sequer sentir acompanhada. Sinto-me fria, indiferente aos que me olham de frente e me estendem a mão. Sei que nada disso vai durar, porque nos marcaram. E porque, secretamente, já perdemos a esperança de amar. Já não somos ingénuos, que alegria! Daqui em diante estaremos sempre à espera de ouvir uma referência, dos gestos que denunciam a presença do outro na nossa herança. Espiaremos o comportamento de quem dorme connosco, inconscientes que estamos a espiar-nos. Vamos fugir de nós, vamos fingir que sim, que gostamos, que é novo, que é bom. Vamos fingir que a nossa alma não ficou numa cidade mais a sul. Vamos fechar os olhos por um momento. Beija-me. Fingir sabe tão bem...
"Há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa nem se deixa governar" Gaius Julius Caesar (100-44 AC)

Campanha de Alcova

Francisco Louçã retirou legitimidade discursiva a Portas, porque os fluidos seminais deste nunca perpassaram com sucesso a barreira do óvulo (gerando “vida”). No último comício do PSD, em Braga, Santana Lopes soltou comentários sobre os “colos” que José Sócrates preferia, aconchegos esses diferentes das preferências viris do actual primeiro-ministro. Convém não esquecer os requintes de malvadez que rodearam este achaque bafiento do líder do PSD: o comício supracitado realizou-se em Braga (cidade esmagadoramente conservadora e católica), onde o enfant terrible se fez rodear de quase mil militantes do sexo feminino. Demasiado apropriado. Já se estava a adivinhar que o próximo argumento, o mais poderoso, desta campanha eleitoral seria as opções sexuais de José Sócrates. Os rumores corriam à boca-pequena pelos quatro cantos do país e, mais dia menos dia, alguém traria esse “detalhe” a público. Sempre pensei que tal acontecesse nas páginas das revistas mundanas ou de jornais como o “24 hora...