A cicatriz, aquela marca que me marca, encontro-a nestas novas faces. É como se me visse ao espelho, como se reconhecesse neles os restos das dores que me afligiram. Mas isso não me faz sentir mais calma, mais segura, não me faz sequer sentir acompanhada. Sinto-me fria, indiferente aos que me olham de frente e me estendem a mão. Sei que nada disso vai durar, porque nos marcaram. E porque, secretamente, já perdemos a esperança de amar. Já não somos ingénuos, que alegria!
Daqui em diante estaremos sempre à espera de ouvir uma referência, dos gestos que denunciam a presença do outro na nossa herança. Espiaremos o comportamento de quem dorme connosco, inconscientes que estamos a espiar-nos. Vamos fugir de nós, vamos fingir que sim, que gostamos, que é novo, que é bom. Vamos fingir que a nossa alma não ficou numa cidade mais a sul.
Vamos fechar os olhos por um momento. Beija-me. Fingir sabe tão bem...
Daqui em diante estaremos sempre à espera de ouvir uma referência, dos gestos que denunciam a presença do outro na nossa herança. Espiaremos o comportamento de quem dorme connosco, inconscientes que estamos a espiar-nos. Vamos fugir de nós, vamos fingir que sim, que gostamos, que é novo, que é bom. Vamos fingir que a nossa alma não ficou numa cidade mais a sul.
Vamos fechar os olhos por um momento. Beija-me. Fingir sabe tão bem...
Comentários