Campanha de Alcova

Francisco Louçã retirou legitimidade discursiva a Portas, porque os fluidos seminais deste nunca perpassaram com sucesso a barreira do óvulo (gerando “vida”). No último comício do PSD, em Braga, Santana Lopes soltou comentários sobre os “colos” que José Sócrates preferia, aconchegos esses diferentes das preferências viris do actual primeiro-ministro. Convém não esquecer os requintes de malvadez que rodearam este achaque bafiento do líder do PSD: o comício supracitado realizou-se em Braga (cidade esmagadoramente conservadora e católica), onde o enfant terrible se fez rodear de quase mil militantes do sexo feminino. Demasiado apropriado.
Já se estava a adivinhar que o próximo argumento, o mais poderoso, desta campanha eleitoral seria as opções sexuais de José Sócrates. Os rumores corriam à boca-pequena pelos quatro cantos do país e, mais dia menos dia, alguém traria esse “detalhe” a público.
Sempre pensei que tal acontecesse nas páginas das revistas mundanas ou de jornais como o “24 horas”. Mas não. Santana antecipou-se à cadeia alimentar inferior do jornalismo e desferiu o golpe final.
De que é que Santana tem medo? Da derrota, com certeza. De Sócrates, nem tanto… Mas será necessário atacar o seu principal adversário pelo que mais de íntimo (e, graças aos bons costumes que nos sobram neste país, ainda intocável) e pessoal tem o ser humano?
Será necessário descer o nível deste debate (pré!) eleitoral ao patamar Lewinsky, ao puro e simples lavar de roupa suja na praça pública?
Que legitimidade tem Santana Lopes, engatatão publicamente assumido (paira sobre ele uma inegável aura de promiscuidade, que as revistas cor-de-rosa fazem questão de propagandear), para falar da vida privada de José Sócrates? Que será preferível, para o inculto cidadão que optar por decidir o seu voto consoante as preferências sexuais dos candidatos? Um flausino machão, com ares de D. Juan, que já se vão perdendo na papada alimentada a rojões e picanha, ou um discreto Sócrates que nunca fez alarde da sua vida íntima?
Quem pensa que as capacidades governativas de ambos interessam, desengane-se. O que conta, a partir de agora, é se o candidato enfia a pila na cona ou no cú. E lamento admitir que, neste caso, Santa Lopes poderá levar alguma vantagem.
A ver vamos.

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