Porque hoje é Domingo...
Porque hoje é domingo e a racionalidade para produzir algo de coerente não abunda, prefiro citar na íntegra a crónica de Vasco Pulido Valente, da edição de hoje do "Público". Se não fosse pelo frio que se faz sentir, diria que estamos em plena silly season, tal é a quantidade industrial de disparates que se têm dito (e publicado) nos últimos dias. Até os jornalistas já começam a perder a paciência para os políticos. O que vale é que só falta mais uma semana. Ufa!
Por VASCO PULIDO VALENTE
Este fim de campanha, toda a gente descobriu um fraquinho pelos pequenos partidos. Ontem, aqui mesmo, o "sobe e desce" punha Portas, Jerónimo e Louçã a "subir", e a "descer" Santana e Sócrates. Também o "Expresso" dava o "alto" a Jerónimo e o "baixo" a Santana. E, pelo que se vê na televisão e se ouve na rua, há de facto uma condescendência especial para tudo o que não seja PS ou PSD. Isto vem com certeza, e em primeiro lugar, da irritação e do nojo que o PS e o PSD inspiram. Um e outro governaram mal e agora os dois não param de se agatanhar e de pedir votos com una estridência incomodativa. Os "pequenos", que não fazem tanto alarido, precisamente porque são pequenos, aliviam um bocado a cena e têm o papel simpático do louco inofensivo. Eles, pelo menos, não metem medo a ninguém e, como não metem medo, gozam à larga da velha impunidade portuguesa.
Jerónimo de Sousa, por exemplo, subiu aos píncaros. O PC está em coma, a política do PC não é deste mundo e os militantes do PC morrem de tristeza (que vida a deles!, coitadinhos, que desgostos!). Só que Jerónimo não se deixou abater. Passeia por aí tranquilo, afável, sorridente. Já não representa o comunismo, até porque o comunismo ingratamente desapareceu. À sua maneira, Jerónimo foi "nacionalizado" pela impotência. A malta hoje gosta dele. A malta gosta sempre da malta. Claro que, em parte, o país não anda por causa do PC. Mas quem se rala com isso? Quem se rala, de resto, com a intolerância e com a incrível presunção de virtude do BE? As "causas", as "rupturas", o arzinho episcopal com que o BE fala à esquerda e à direita acabaram por lhe criar uma reputação anti-regime e o tornar "engraçado". Ainda por cima, o melífluo Louçã, uma espécie de grande inquisidor do "incorrecto, "sai" bem na televisão e as pessoas gostam de o ouvir pregar aos peixes. Por que não escolher o BE? Para variar, para chatear, para ser mais santinho e mais "puro" que o próximo. E por que não escolher Paulo Portas, o "sobrevivente" e famoso "animal político", que se "distanciou" de Santana. Ele merece. Pelo assombroso "kitsch" das "tendas-temáticas", do governo-fantasma, da pose de Estado, do fervor patriótico. E, obviamente, pelos votos que tirar, se tirar, ao PSD. Além disso, o PP é outro "pequeno" e os "pequenos" ajudam a esquecer o par horrível de Santana e Sócrates. Small is beautiful. Desde que não se veja muito ao perto.
Jerónimo de Sousa, por exemplo, subiu aos píncaros. O PC está em coma, a política do PC não é deste mundo e os militantes do PC morrem de tristeza (que vida a deles!, coitadinhos, que desgostos!). Só que Jerónimo não se deixou abater. Passeia por aí tranquilo, afável, sorridente. Já não representa o comunismo, até porque o comunismo ingratamente desapareceu. À sua maneira, Jerónimo foi "nacionalizado" pela impotência. A malta hoje gosta dele. A malta gosta sempre da malta. Claro que, em parte, o país não anda por causa do PC. Mas quem se rala com isso? Quem se rala, de resto, com a intolerância e com a incrível presunção de virtude do BE? As "causas", as "rupturas", o arzinho episcopal com que o BE fala à esquerda e à direita acabaram por lhe criar uma reputação anti-regime e o tornar "engraçado". Ainda por cima, o melífluo Louçã, uma espécie de grande inquisidor do "incorrecto, "sai" bem na televisão e as pessoas gostam de o ouvir pregar aos peixes. Por que não escolher o BE? Para variar, para chatear, para ser mais santinho e mais "puro" que o próximo. E por que não escolher Paulo Portas, o "sobrevivente" e famoso "animal político", que se "distanciou" de Santana. Ele merece. Pelo assombroso "kitsch" das "tendas-temáticas", do governo-fantasma, da pose de Estado, do fervor patriótico. E, obviamente, pelos votos que tirar, se tirar, ao PSD. Além disso, o PP é outro "pequeno" e os "pequenos" ajudam a esquecer o par horrível de Santana e Sócrates. Small is beautiful. Desde que não se veja muito ao perto.
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