Dias assim

Vi o rubro das papoilas, pixelizadas pelo amor dos teus dedos.
Há pouco, olhei-me no espelho e encontrei-me. A seguir, encontrei o que julgava perdido. A atenção, os meus amigos, as cores nas ruas, o sol na janela, a profundidade de outros olhos. Já me julgava perdida no espelho!
Enquanto o café fumega na chávena familiar, percorro as linhas da tua voz e leio-te no corpo plano, no plasma que nos separa. Admirável ventura, este cabo coaxial, esta fibra óptica, que te traz até mim e te entranha nas minhas fibras, na minha roupa, no meu músculo, no suor da minha carne, na leveza da minha alma.
E sinto paz. Há tanto por fazer, tanto por estudar, o pó para limpar, a roupa por arrumar. Eu vou fazê-lo. Com calma. Já não tenho de prestar provas nem mostrar que sou melhor. Vais limpando, devagar, a minha vontade de vingança, a minha dor, o meu mal-estar. E eu vou arrumando as recordações. Devagar.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Eles... e eu

...E um para pensar