Entra na minha dança. Dança comigo, agarra-me, não me deixes ir, não me deixes aqui sozinha! Pareço-te forte, perspicaz, diferente? É tudo mentira! Não me deixes sozinha... Não aprendi a estar só mas, pensando bem, não suporto a ideia de me partilhar, rotineiramente, com outro alguém. Só assim, episodicamente, durante um período de tempo suficientemente atípico e demarcado, passível de recordação firme, frame a frame. Fotograma a fotograma, eis! Quando é que me viciei nestes anjos tisnados de sol? Não sei. Este, que aqui dorme, silencioso, é diferente? Não. Minutos mais tarde, irá levantar-se, beijar-me na testa e partir. Nada de novo mas, ainda assim, agonizo com o já familiar sufoco no peito. Sensação de perda, carência afectiva, erro continuado. Isso tudo e mais um par de botas. Que se lixe! Porque nada, nada, nada, nada se compara àqueles instantes em que mergulho, bem fundo, nos seus olhos (verde, avelã, há também um vestígio de ciano sujo) e, depois de os ter envolvido, suavement...