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A mostrar mensagens de 2006

Ilusões de óptica

3 coisas (aparentemente) fantásticas que, na realidade, são uma merda 1 - homens com fatos de três peças 2 - Corrector de olheiras 3 - Sapatos de salto alto

Queimados

Estamos todos queimados! Queimadinhos, esturricados, os cérebros feitos em papa. Queimados pelo álcool, pelas drogas, pelos tranquilizantes, pelos anti-depressivos, pelos estimulantes, pelos contraceptivos, pela sua ausência, pelo sexo, por relações abusivas, pelo ar condicionado, pelos nossos pais, pela impossibilidade de sermos alguém, pela nossa inércia. Queimados, ao ponto de sorrirmos de ignorância incerta perante um amanhã ainda mais incerto. Queimados estão também os casais perfeito-funcionais que se encornam mutuamente, os padres que violam criancinhas, os chefes de família que fodem meio mundo no bas fond gay , as tias plastificadas, encharcadas de champanhe, os patrões sádicos, os subornadores e os subornados, as pitas de 16 anos que fazem broches, as velhas gaiteiras e os presidentes das Câmaras. Todos queimados, todos uma merda. Os Mourinhos, as Marizas, os Figos, os Cristianos Ronaldos são como a cenoura que metem à frente do burro (o asno somos nós). Puta que os pariu! Ma...
A porta fecha-se. Abate-se sobre mim uma torrente de lágrimas fáceis. Não sei ao que vêem, por que caem. O melhor presente de Natal é aquele que nunca se recebeu. Ficámos suspensos no corpo um do outro, num abraço desajeitado. Sem palavras, sem beijos, aproveitando cada instante para recolher pedacinhos de informação epidérmica, radiações incandescentes, o aroma que resta do perfume das manhãs. Por instantes, aninho-me na côncava doçura, nessa sinuosa curva que vai desde a comissura da orelha até à linha firme e aveludada do teu pescoço. Ali, naquele recanto esconso, onde o cheiro humano se concentra, onde a paixão nasce, onde o instinto é mais forte. Inspiro, ganho coragem e parto.

"Já não me lembrava"

"Se gosto de ti, se gostas de mim, se isto não chega tens o mundo ao contrário" És como aquelas canções lamechas que passam infinitas vezes na rádio. É inevitável trauteá-las. Volta e meia, lá estás tu, exactamente no momento em que já quase me esquecia da tua existência. Já (quase) não me lembrava de ti, das tuas feições, do toque áspero das tuas mãos. Já (quase) não sentia, já era um quase nada. Mas, a cada reencontro, a incerteza renasce. Não consigo evitar olhar-te, não consigo deixar de devorar o teu semblante, ávida dos teus olhos, da tua voz. Não sei que desejo terrível é este que teima em não me abandonar. Se já dormi com tantos homens depois de ti, e tu com tantas mulheres... então, porquê? Porquê esta compulsão avassaladora, este desespero brando? Dou por mim a querer falar contigo, mas nada do que digo tem conteúdo. Consigo apenas dizer-te que tenho saudades tuas. Saudades do que não foi. É certo que não te suporto, que os nossos egos não caberiam na maior das cid...

Dor

São duas da manhã. Agora sei, de certeza, que não vais voltar. Estou deitada, na penumbra do quarto. O telemóvel, esse pequeno paralelepípedo que me conecta ao mundo, jaz na mesinha, silencioso, quieto. Aguardo aquela resposta que nunca chegará, o golpe de asa, o momento crucial, que transformaria esta estória sem história numa narração elíptica, sem fim. O meu corpo arde, febril, quero respirar, mas esta dor lancinante paralisa-me os músculos. Tudo me dói, desde a cartilagem da garganta até às articulações dos tornozelos. As lágrimas escorrem-me pelo rosto, sem que seja necessário urdir um queixume, um gemido. Apetece-me gritar mas, se o fizesse, pareceria demasiado cinematográfico. Pouco real. Como esta é a vida que todos temos, limito-me a ficar enroscada nos lençóis, transida de raiva, como um animal ferido.A história é muito simples. Tu tens outra pessoa e eu entrei, furtivamente, na tua vida. Mais, uma vez, deixei-me apanhar neste grande erro, na grande ilusão que é achar que, à ...

Já não sou quem era

Já não sou quem era. Já nem sei quem sou. Nada me emociona, nada me comove, nada me move. Só o trabalho me faz respirar com vontade e seguir em frente. Detesto tudo à minha volta, tudo me desinteressa e aborrece. Ninguém me atura nem eu me sinto capaz de aturar quem quer que seja. Desprezo a felicidade dos que me rodeiam por não ser aquela que ambiciono. O que é isso da felicidade? Que sei eu sobre isso? Diz-se que é na infância que somos realmente felizes. Não me parece. Dessa altura só tenho recordações difusas, normais. Desde que me lembro de existir que sinto este peso e angústia permanentes, que me sufocam o peito e me amargam o estômago. Sou cínica perante o amor, especialmente quando o recebo. Cheguei a tal ponto de descrença que já nem os homens me entusiasmam. Nenhum. Antes, bastava um olhar, um elogio, para se reacender um lastro de esperança, uma chama de desejo, um encantamento instantâneo (Sou tão fácil! Era...). Agora, nem isso. À primeira palavra doce, fujo. Fisicamente,...

Eles dizem que vão!! Ai dizem, dizem!

- " Eles disseram ontem, no telejornal, que vai aumentar os impostos! Anda aqui um gajo a trabalhar para encher o cú a esses gajos ! Eles é que sabem! Depois é só Mercedes, BM's e gajas boas... Eles é que se enchem de guito e um gajo aqui, a dar o litro!" - " Eles vão mandar tropas para o Iraque e depois nós é que nos lixamos..." - " Eles querem é mama, pensas que eu não sei? Eu já conheço os gajos !" Soa familiar? Pois... Para o comum português (ok, não será o português, figura abstracta. É mesmo o TUGA), coabita entre nós, comuns mortais, uma entidade, um supra-sumo invisível mas omnipresente, que existe apenas para lixar a vida ao Zézinho. São "eles" ou, numa versão mais radical, "os gajos". "Eles" são os que cobram impostos, os patrões, os políticos, os administradores das empresas, os pretos, os paneleiros, as lésbicas, as mulheres independentes, o dono do café da esquina, o vendedor de pipocas, o cangalheiro, ...

Não sei...

Quero foder-te! Não, não é isso... Quero apenas que me abraces, como fizeste hoje, que me acaricies o cabelo e faças os teus dedos dançarem no pescoço. Quero que deixes a tua namorada, já! Não, não quero nada disso... Quero ser, apenas, tua amante. Quero-te clandestinamente, roubar-te beijos numa esquina, fazer amor à pressa, suado, sexo simples. Quero que percas o tempo suficiente para me amar. Não, não! Tenho medo da intimidade, tenho medo de ti, não me quero apaixonar. Quero que me puxes pelos cabelos e que me beijes as pálpebras. Que sejas um touro e um beija-flor. Quero que me tatues o corpo de nódoas negras, que me enchas a casa de flores. Quero um anel e não quero nada. Não quero mais nada, se não puder ter tudo.

Abraço

"Bo seiva Invadi-m nha korasom sem limit Ai si um pudéss, Bibé um káliss d'bo melodia!" "Regasu", Mayra Andrade Quando me abraçou, tudo se tornou claro. Tudo se encaminhou, irremediavelmente, para um doce caos. Quando me abraçou, um rio morno correu dentro de mim e a minha pele abriu-se de par em par. Impregnou-me da nuvem evanescente do seu cheiro, senti o vigor dos seus braços e, naqueles breves instantes, fui feliz.
"Há 150 mil anos o mundo vivia em plena Idade do Gelo e havia centenas de mamutes lãzudos" Sempre tive um carinho especial por mamutes. É isso e homens fiéis.

Os olhos do meu amor

Os olhos do meu amor São pedaços de coral São sal, sol, são estrelas Pedacinhos de luar Os olhos do meu amor São flores de jasmim Frescura bela e eterna Oceanos sem fim No teu corpo, meu amado Junto ao teu coração Perto da tua boca, rosa Água, mel, uma canção

Carta de Intenções

Eu acredito no amor. Na paixão. No sexo com amor. Eu acredito no respeito, no entendimento. Eu acredito que é possível. Eu acredito que amanhã vai ser melhor. Eu acredito que tudo vai mudar.

Aleluia,irmão!

Finalmente, um homem iluminado! "Uma mulher com atitude é um perigo" Ricardo Trêpa, in Grazia

Ítaca

O mito diz que Ulisses navegou durante dez anos no Mediterrâneo, enfrentando inúmeras provações e perigos, apenas para poder voltar, finalmente, a Ítaca. E a Penélope. Ítaca é o destino final, mas é também o lugar do eterno retorno. Aquele limbo, mágico e perturbador, onde retornamos, irremediavelmente. Se a vida de uns é uma Odisseia (onde tudo começa, se desenvolve e termina), a de outros é uma Ilíada (uma história onde os acontecimentos se precipitam em espiral). Ilíada, então. Regresso a Ítaca. Nunca cá estive, mas tenho a estranha sensação de já me ter encontrado aqui. O céu abre-se, furioso, desabando em bátegas de água. Fujo do mar, ouço-o rugir, cada vez mais imperceptivelmente. O mar fica para trás. Refugio-me em Ítaca, sempre nova, com um travo amargo de destino. Tudo é branco, alvo, níveo. Madeira e chuva. Beija-me. Não perde tempo (não há tempo a perder). Tudo é previsível. Só não esperava estes lábios invulgarmente macios e carnudos (dois morangos maduros na minha frágil b...

Realidade

...Depois aparece um trintão simpático para nos dar a volta ao sistema. O que vale é que a areia é só uma ilusão e Lisboa surge, novamente, no horizonte. Crua, metálica e real.Como sempre.

Sabedoria

"O vosso problema é que vocês fumam pouco e bebem pouco. Isso ainda vai dar cabo de vocês" (Retirado de uma conversa de circunstância com uma grande sábia do séc. XXI)

Açúcar Mascavado

“She’s a maneater, make you work hard, make you spend hard, make you want all, of her love” “Maneater” Nelly Furtado - Já te vais embora? Não vás, volta para aqui! – diz ele, o corpo refastelado, perdido no meio do caos dos lençóis brancos, o rosto apoiado na palma da mão direita, os olhos brilhantes e ensonados. - Tem que ser. Tenho de ir. - Não vás… Quero foder-te, só mais uma vez...

Universo

Adorava olhar para aqueles desenhos computadorizados do Universo. Em duas páginas A3 cabia o espaço ilimitado, toda a dimensão absurda do cosmos, tudo. E eu imaginava-me numa daqueles pontinhos brilhantes e redondos, naquela nublosa difusa, a Via Láctea, um grãozinho insignificante na vastidão do grande Nada. E era tranquilizador, porque o Nada cabia na mesa, conseguia segurá-lo nas minhas mãos, facilmente o arrumava na prateleira e, quando quisesse, ele estaria ali, ao meu dispor, sempre igual, para o contemplar.

Eles... e eu

“ (…) Despeço-me do que mais quero, só para não te ouvir dizer que as coisas vão mudar amanhã” Susana Félix, “Flutuo” Eles … e eu. Enfiada, voluntariamente, a um canto. Se me considero diferente? Sim, sou arrogante e presunçosa o suficiente para isso! Se calhar, não sou assim tão diferente. Se calhar, também quero o que eles têm (e eu não). Quero o namorado, ali, certinho, garantido. Giro, mas não demasiado. Que me ofereça flores, que diga que sou bonita e me fite com olhos de carneiro mal morto. Quero o carro, as calças Levi’s (38, no máximo… queria tanto ser uma miúda normal!), as mamas maiores, o rabo mais pequeno. Os fins-de-semana românticos (turismo rural no Alentejo ou no Gerês, muito in !), dormir aconchegadinhos durante a semana (sexo moderado, porque no dia seguinte há trabalho), conversar sobre tudo e sobre nada, passear no shopping , ir para casa às duas da manhã, menear reprovadoramente a cabeça perante solteironas insaciáveis… Eu quero isso tudo… porque não o tenho. É tu...

Quote fo the Day

É agradavelmente surpreedente como, de um livro merdoso ("17 casamentos e um namorado"; Darcy Cosper - uma má história e uma ainda pior tradução), se consegue extrair uma citação fabulosa: " O termo que designa um homem que tem uma mulher adúltera é cornudo . O termo que designa uma mulher com um marido adúltero é esposa "

Dança Comigo

Entra na minha dança. Dança comigo, agarra-me, não me deixes ir, não me deixes aqui sozinha! Pareço-te forte, perspicaz, diferente? É tudo mentira! Não me deixes sozinha... Não aprendi a estar só mas, pensando bem, não suporto a ideia de me partilhar, rotineiramente, com outro alguém. Só assim, episodicamente, durante um período de tempo suficientemente atípico e demarcado, passível de recordação firme, frame a frame. Fotograma a fotograma, eis! Quando é que me viciei nestes anjos tisnados de sol? Não sei. Este, que aqui dorme, silencioso, é diferente? Não. Minutos mais tarde, irá levantar-se, beijar-me na testa e partir. Nada de novo mas, ainda assim, agonizo com o já familiar sufoco no peito. Sensação de perda, carência afectiva, erro continuado. Isso tudo e mais um par de botas. Que se lixe! Porque nada, nada, nada, nada se compara àqueles instantes em que mergulho, bem fundo, nos seus olhos (verde, avelã, há também um vestígio de ciano sujo) e, depois de os ter envolvido, suavement...

Vazio

Só acreditei na inspiração quando a perdi...

Cenas de um casamento

“Há uma festa linda a acontecer no mundo e nós não fomos convidados” excerto da peça “Submarino” Devido a um voyeurismo nem sempre bem disfarçado, costumo demorar-me em frente da montra de uma loja de fotografia. Não para admirar a qualidade dos trabalhos (composições demasiado folclóricas e conservadoras, pirosadas visuais), mas sim para saber como vão as vidas cá da terra. Quem casou, quem teve filhos, quem se licenciou… todas estas informações estão escarrapachadas nas várias molduras que compõem a vitrina do estabelecimento (o mais afamado da cidade). Mesmo com o advento das câmaras e telemóveis digitais, a minha gente continua a fazer questão de “olhar para o passarinho”, seja para registar o casamento para a posteridade, seja para fazer uma sessãozinha com o rebento de 2 meses (mesmo que não se consiga melhor do que imagens de um chorão baboso, mordendo os mais variados brinquedos). A montra é o verdadeiro reflexo do status quo local. Embora se realizem dezenas de sessões fotog...

Brownie de chocolate com gelado de baunilha

Aí vem ele… doce tentação A sala estava meia vazia. O chão, cor de ébano, contrastava com o branco cosmopolita das paredes, da luz tersa dos candeeiros, do vidro que me separava da cidade. O prato, alvo, produzia reflexos multicolores, à medida que avançava pela sala adentro. As linhas rectas combinavam harmoniosamente com os cantos arredondados. Anguloso e curvilíneo. Aparentemente, era demasiado grande para receber o conteúdo, mas depressa me apercebi que o espaço tinha sido concebido na proporção ideal para dispor todos os elementos… Cheguei cedo, como sempre. Entrei assim que abriram as portas e esperei. A noite estava fresca, quase fria, soprava um vento desagradável, o que tornava as ruas íngremes e escuras ainda mais inóspitas. Ali estava-se bem. A música ronronava, sininhos, soluços de sintetizador, baterias computorizadas, versos repetitivos. Uma esfera revestida de espelhos baloiçava, enforcada no tecto esbranquiçado, e produzia inúmeros reflexos no chão. Se o fixasse atentam...

Eu sei que tu sabes que eu sei

São quase nove da noite e tu ainda não chegaste. Sento-me, silenciosamente, no sofá. As pernas, discretamente cruzadas, o cabelo penteado, apanhado na nuca, a roupa limpa e sem um vinco. Seria incapaz de receber o meu homem de avental posto, a cheirar a fritos, toda suada e com o buço por fazer. Nunca! Não foi assim que a minha mãe me educou. Já lhe basta a dor de saber que a sua filha mais velha vive em pecado. É por ela que, inconscientemente, aguento este passar de dias, este ram-ram sem fim, esta espera. Eu sei que vou conseguir. Ouço o sinal sonoro do forno. Comprámo-lo há pouco tempo. É um daqueles exemplares ultra-modernos, design italiano, tecnologia de ponta. Temperatura controlada, desliga-se sozinho. Um pouco como eu. O aroma das beringelas recheadas (um prato requintado, leve, ideal para um jantar a dois) chega, quase imperceptivelmente, até mim. Observo demoradamente as minhas mãos. As unhas estão impecavelmente arranjadas, pintadas com verniz transparente. Um anel, de our...

Splendour in the Grass

What though the radiance which was once so bright Be now for ever taken from my sight, Though nothing can bring back the hour Of splendour in the grass, of glory in the flower, We will grieve not, rather find Strength in what remains behind; In the primal sympathy Which having been must ever be; In the soothing thoughts that spring Out of human suffering; In the faith that looks through death, In years that bring the philosophic mind. William Wordsworth

Engate em discotecas: Toda a Verdade

Facto: 99% dos frequentadores de discotecas procuram um parceiro sexual. Facto: 99% dos frequentadores de discotecas abandona as ditas sem arranjar um parceiro sexual. Posto isto, quais são os factores de sucesso do inefável 1%, esse vitorioso percentil de gente que, às 6 da matina, regressa ao aconchego do lar com um corpo desconhecido, quentinho e devidamente alcoolizado, predisposto a entregar-se aos prazeres pecaminosos da carne? Foram realizados diversos estudos nas áreas da psicologia, psiquiatria, zoologia, sexologia, culinária e afins, nenhum verdadeiramente conclusivo, para grande desgosto dos restantes 99% que, após diversas horas de shots, roça-roça e frases de engate, abandona os recintos de diversão empty handed. Se é verdade que toda a gente que está num espaço de diversão nocturna deseja (ainda que inconscientemente…suas puritanas!!) fornicar, o que é que está a falhar? Onde é que estamos a errar, neste século XXI em que até os casamentos funcionais via Internet são poss...

Por Favor!!

Não queria usar o meu blogue para fazer pedidos ou avisos, mas vejo-me obrigada a abrir uma excepção. Quem quer que seja o Anonymous que me anda a deixar comentários (diria... indirectas??), particularmente em relação ao texto "Em Carne Viva", tenha a delicadeza de se identificar, para que possamos discutir o problema em questão. Até faço mais!! Deixo o meu mail e tudo! costraquel@gmail.com Obrigada!!

Em Carne Viva

É um ferro em brasa que marca a minha carne com a tua marca. Carne viva, desejo vivo, estéril, seco. Uma crosta por arrancar, uma ferida, um mal menor. És apenas vontade da (minha) carne, porque tudo o resto se esvaiu. Já não trazes luz no teu sorriso, o mar dos teus olhos é feio, profundo e hostil. Nem o ouro de fogo do teu cabelo, nem as tuas mãos, nem a tua boca generosa. Nada me faz. Nada é nada. Já não vejo a tua alma no teu corpo, já não ouço a tua voz. Já não sou eu, mulher, pessoa, que te quer. Eu sou carne, à espera. Só. Aguarda, a minha carne. Quero enterrar a minha boca na tua, nessa superfície carnuda e húmida, provar de novo (uma última vez) a tua saliva, a textura da tua língua revolta. Lutar contigo, boca na boca. Sei que quero, porque não sinto. Já não te sinto. Eu perdi a vergonha porque já não te desejo com esperança. Quando vi quem eras, uma ordem lógica perdeu-se e mergulhei no caos de frases desconexas. Nada fez sentido. Por isso, já não me envergonho, não há culpa...

Audiências - duas rapidinhas

1 - Segundo o Diário de Notícias de hoje, e analisando as audiências de Domingo passado, o canal Panda (sim, o tal que passa bonecada 24 horas por dia, 7 dias por semana) lidera a tabela classificativa, com 3,1% do share total. Esta informação não teria nada de especialmente interessante não fosse o dito canal estar à frente da SIC Notícias. Concluímos, por ‘a’ mais ‘b’, que: - as crianças portuguesas preferem o entertenimento à informação. Depois queixam-se dos baixos níveis de aproveitamento escolar... ou… - os adultos trocaram Adelino Faria e Ana Borges pelas aventuras de Vicky, Barbie, etc… 2 - Os bíblicos (pela extensão, não pela importância. Talvez pelo pelo absurdo) directos que os 3 (3!!) canais nacionais fizeram da cerimónia de trasladação da irmã Lúcia (e todo o folclore envolvente) não chegaram ao top dos 10 programas mais vistos de Domingo. Fartos das D. Alcinas de Marco de Canavezes, que foram a Fátima tentar acertar com um ramo de hortênsias na carrinha funerária, os por...

Nova imagem

Mudámos de visual!! Porque sim, porque é giro... Porque adoro o cor-de-rosa, mas queria um grafismo mais "respeitável", com caracteres que imprimissem uma certa ideia de seriedade a este meu simpático ciber-pasquim...
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Heath Ledger e Jake Gyllenhaal 

Brokeback Mountain

O amor como ele é. Simples, duro, sublime, cruel, doloroso. Para sempre.
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Neve em Lisboa!! N�o h� palavras... apenas as imagens para recordar!! 

2006 (O que vou fazer comigo?)

O novo ano começou da melhor maneira. Vestido preto, a estrear, jantar de gala na praia de Portimão. Música ao vivo, comida deliciosa, todos os ingredientes para uma entrada em grande. À minha frente, na mesma mesa, aquele giraço com quem tive uma “cena” umas semanas antes. Ao lado dele, a giraça com quem ele estava a ter uma “cena”… naquele preciso momento. As doze badaladas soaram e, enquanto emborcava uma taça de Moet et Chandon, fechei os olhos para não ter de suportar a tortura que era ver o giraço a beijar, profusa e carinhosamente, a giraça. Tal e qual como me havia beijado, há umas semanas. Já passei por situações desagradáveis, que envolviam namoradas e coisas que tais, mas em nenhuma delas me senti tão ridícula como neste cenariozinho de ano novo. Eu não senti vontade de chorar, de lhe partir a cara (minto… sim, eu senti vontade de o esganar… só não o fiz porque achei que não valia a pena sujar as minhas mãos naquele pescocinho deslavado) ou de gritar “fui apenas mais uma”. N...