Já não sou quem era
Já não sou quem era. Já nem sei quem sou. Nada me emociona, nada me comove, nada me move. Só o trabalho me faz respirar com vontade e seguir em frente. Detesto tudo à minha volta, tudo me desinteressa e aborrece. Ninguém me atura nem eu me sinto capaz de aturar quem quer que seja. Desprezo a felicidade dos que me rodeiam por não ser aquela que ambiciono. O que é isso da felicidade? Que sei eu sobre isso?
Diz-se que é na infância que somos realmente felizes. Não me parece. Dessa altura só tenho recordações difusas, normais. Desde que me lembro de existir que sinto este peso e angústia permanentes, que me sufocam o peito e me amargam o estômago. Sou cínica perante o amor, especialmente quando o recebo. Cheguei a tal ponto de descrença que já nem os homens me entusiasmam. Nenhum. Antes, bastava um olhar, um elogio, para se reacender um lastro de esperança, uma chama de desejo, um encantamento instantâneo (Sou tão fácil! Era...). Agora, nem isso. À primeira palavra doce, fujo. Fisicamente, ainda estou lá, mas o meu espírito fecha-se nesse mesmo instante.
Ainda pensei estar a viver algo importante com aquele idiota dos olhos verdes (ainda me comove vagamente), mas tudo não passou de um embuste. Uma farsa. Todos os homens que vêem ao meu encontro são uma mentira. Querem viver comigo o que não conseguem viver com as "normais". O problema é que eu sou, agora sei-o, tão normal quanto elas. Mais ainda, até.
Somos todos uma grande, gorda e nojenta mentira. Nenhum de nós tem coragem para assumir, primeiro, e viver, depois, o que realmente deseja, aí desse canto escondido e sombrio que é a caverna das nossas almas.
Vocês: liberdade
Eu: amor
Neste aspecto, somos todos uns cabrões.
Diz-se que é na infância que somos realmente felizes. Não me parece. Dessa altura só tenho recordações difusas, normais. Desde que me lembro de existir que sinto este peso e angústia permanentes, que me sufocam o peito e me amargam o estômago. Sou cínica perante o amor, especialmente quando o recebo. Cheguei a tal ponto de descrença que já nem os homens me entusiasmam. Nenhum. Antes, bastava um olhar, um elogio, para se reacender um lastro de esperança, uma chama de desejo, um encantamento instantâneo (Sou tão fácil! Era...). Agora, nem isso. À primeira palavra doce, fujo. Fisicamente, ainda estou lá, mas o meu espírito fecha-se nesse mesmo instante.
Ainda pensei estar a viver algo importante com aquele idiota dos olhos verdes (ainda me comove vagamente), mas tudo não passou de um embuste. Uma farsa. Todos os homens que vêem ao meu encontro são uma mentira. Querem viver comigo o que não conseguem viver com as "normais". O problema é que eu sou, agora sei-o, tão normal quanto elas. Mais ainda, até.
Somos todos uma grande, gorda e nojenta mentira. Nenhum de nós tem coragem para assumir, primeiro, e viver, depois, o que realmente deseja, aí desse canto escondido e sombrio que é a caverna das nossas almas.
Vocês: liberdade
Eu: amor
Neste aspecto, somos todos uns cabrões.
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