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A mostrar mensagens de junho, 2007

Lisa Lampanelli

Esta simpática stand up comediant é capaz de arrasar até as personalidades mais invulneráveis. Adoro-a! Riam-se de vocês mesmos!

Questões fracturantes - a opinião do leitor

De quando em vez, desvio-me dos assuntos verdadeiramente cruciais da vida (unhas de gel vs. unhas de porcelana, extensões de cabelo humano vs. crina de cavalo, tampax vs OB, fairy vs. sonasol, vibrador vs. dildo, Manuela Moura Guedes vs. Cocas) e, por momentos, concentro-me em questões acessórias que, apesar de tudo, são fracturantes. Então resolvi, com a ajuda dos meus leitores (sim, porque eu, Mophira, tenho um vasto grupo de leitores. Não é, meninos? Yeah, say 'cheese'!!! Weeee... Baaah... isto já soa a monólogo interior com laivos de esquizofrenia), colocar em debate um problema que me tem, por assim dizer, apoquentado o espírito. É um dilema ético-moral com o qual me confrontam no dia-a-dia e em relação ao qual eu, alta autoridade em dar opiniões sobre os mais diversos assuntos, mesmo que não requisitadas, tenho uma certa dificuldade em tomar posição. Como não tenho jeito nem para Professor Marcelo (por um lado... por outro lado...) e muito menos a habilidade humorís...

Cabra!

Ela era uma cabra, sempre foi uma cabra. Era psicótica, obcecada, neurótica, alimentava-se da minha energia. Consumiu-me até ao limite, estilhaçou a minha alegria, fez-me acreditar que eu era como ela... "diferente". Eu não era diferente, eu não queria ser diferente. Eu não queria experimentar, não queria a merda que me deste a ler, não queria ver. Não te queria ouvir, não queria saber dos teus problemas, das tuas depressões, dos teus olhos verdes-água crucificando tudo e todos. Eu era comos os outros, era normal. Porquê??? Ela convenceu-me que era preciso ser diferente. Que eles, "os homens", eram todos iguais, todos uns cabrões... e eu nunca acreditei nisso. Eu lutei contra ela, contra o ódio, contra o rancor. Lutei, lutei, lutei, até cair no chão. Desisti, experimentei. Como ela. Afinal, eles não eram mesmo todos iguais... E agora, ao fim de todos estes anos, descobri que, de tão diferente que eras, passaste a ser igual aos outros. Com os teus sorrisinhos e o teu...

IKEA

O IKEA é uma metáfora perfeita dos relacionamentos dos nossos dias: bonito, baratto, moderno, funcional e... perecível. Os nossos pais deitaram-se, décadas a fio, nas mesmas camas. E elas permaneceram sempre sólidas, semi-intactadas, às intempéries dos desarranjos corporais, das tempestades verbais, das costas voltadas, do tempo. De Paços de Ferreira vinham, até à chegada da multinacional sueca, os leitos portugueses, onde muitos de nós fomos cozinhados. No entanto, seria presunçoso ignorar as vantagens da mobília made in Sweden: os preços das estruturas-puzzle são apelativos, a montagem é fácil (e como é fácil montar o que quer que seja nos dias que correm!, as estruturas são leves e flexíveis. Com tantas facilidades, uma visita ao IKEA deveria ser um mar de rosas. Mas bastam umas quantas horas no mega-armazém de Alfragide para perceber que, ali se encontra um verdadeiro viveiro de análise sociológica. Senão, vejamos: Exemplo 1: Jovem Casal Ele: Olha este cadeirão tão giro! Tem um ap...

Lá, onde os táxis são Subarus e a Lua galga nas ondas do rio. Lá, onde não há dias, não há distâncias, não há tempo. Ninguém deve nada a ninguém. Tu não tens a prestação do carro para pagar e eu não tenho contas a prestar. Sem a tua mulher e o meu patrão, sem o gato, a casa, a sogra, o cão. Nada mais a não ser o rio, poço onde almas se reúnem. E o Bugio, além. Não há sinos nem vestido branco. Não há anéis, não há ciúmes, não há culpa nem há dor. Só prazer, o prazer de estarmos sós. E, na nossa solidão, ardemos em chama, pira ancestral onde nos deitamos, colocando os corpos à disposição do outro. Lá, ninguém olha de relance quando nos tocamos. Ninguém aponta o dedo em riste, ninguém comenta, ninguém existe. Ninguém faz sua a nossa existência e nós não somos ninguém. Existimos, ali, porque nos queremos. E é só.