Dor
São duas da manhã. Agora sei, de certeza, que não vais voltar.
Estou deitada, na penumbra do quarto. O telemóvel, esse pequeno paralelepípedo que me conecta ao mundo, jaz na mesinha, silencioso, quieto. Aguardo aquela resposta que nunca chegará, o golpe de asa, o momento crucial, que transformaria esta estória sem história numa narração elíptica, sem fim. O meu corpo arde, febril, quero respirar, mas esta dor lancinante paralisa-me os músculos. Tudo me dói, desde a cartilagem da garganta até às articulações dos tornozelos. As lágrimas escorrem-me pelo rosto, sem que seja necessário urdir um queixume, um gemido. Apetece-me gritar mas, se o fizesse, pareceria demasiado cinematográfico. Pouco real. Como esta é a vida que todos temos, limito-me a ficar enroscada nos lençóis, transida de raiva, como um animal ferido.A história é muito simples. Tu tens outra pessoa e eu entrei, furtivamente, na tua vida. Mais, uma vez, deixei-me apanhar neste grande erro, na grande ilusão que é achar que, à laia de um jogo de futebol, no amor se possam fazer substituições. Isso nunca acontece. E, se acontece, é com os outros. Sei que esta mão incandescente que me sufoca o peito e me prende a respiração me acompanhará nos próximos dias. Nas próximas semanas. Mas, com o passar dos dias, dos meses (com a chegada do frio, o cair das folhas, a chuva,a fuga dos pássaros, o Natal, o Ano Novo, a neblina incómoda das manhãs de Janeiro e mais, e mais, e mais…), tudo, inevitavelmente, passará. E eu voltarei a ser quem era. Menos inocente, menos crente. Menos eu.
A culpa… é toda minha?
Eu não quero ser uma mulher fabulosa. Só quero que fiquem.
Estou deitada, na penumbra do quarto. O telemóvel, esse pequeno paralelepípedo que me conecta ao mundo, jaz na mesinha, silencioso, quieto. Aguardo aquela resposta que nunca chegará, o golpe de asa, o momento crucial, que transformaria esta estória sem história numa narração elíptica, sem fim. O meu corpo arde, febril, quero respirar, mas esta dor lancinante paralisa-me os músculos. Tudo me dói, desde a cartilagem da garganta até às articulações dos tornozelos. As lágrimas escorrem-me pelo rosto, sem que seja necessário urdir um queixume, um gemido. Apetece-me gritar mas, se o fizesse, pareceria demasiado cinematográfico. Pouco real. Como esta é a vida que todos temos, limito-me a ficar enroscada nos lençóis, transida de raiva, como um animal ferido.A história é muito simples. Tu tens outra pessoa e eu entrei, furtivamente, na tua vida. Mais, uma vez, deixei-me apanhar neste grande erro, na grande ilusão que é achar que, à laia de um jogo de futebol, no amor se possam fazer substituições. Isso nunca acontece. E, se acontece, é com os outros. Sei que esta mão incandescente que me sufoca o peito e me prende a respiração me acompanhará nos próximos dias. Nas próximas semanas. Mas, com o passar dos dias, dos meses (com a chegada do frio, o cair das folhas, a chuva,a fuga dos pássaros, o Natal, o Ano Novo, a neblina incómoda das manhãs de Janeiro e mais, e mais, e mais…), tudo, inevitavelmente, passará. E eu voltarei a ser quem era. Menos inocente, menos crente. Menos eu.
A culpa… é toda minha?
Eu não quero ser uma mulher fabulosa. Só quero que fiquem.
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