IV
“Com pedaços de mim eu monto um ser atónito”
Manoel de Barros
Quatro anos volvidos, fecha-se um ciclo. Termina uma experiência no exacto ponto de onde partiu. Volto a sentir o amor utópico por um homem-ideal. Não um homem idealizado, perfeito, mas sim aquele que simboliza uma crença, uma fé. Estranha tendência esta para procurar reencarnações de D. Sebastião...
Viveria com eles para sempre. Seria sua amante, escondida em quartos de hotel e resguardada em vãos de escada... se quisessem. Anular-me-ia por eles, tornar-me-ia a mulher - adorno que tanto procuram, seria perfeita!
O tempo, o espaço, a temperatura e as circunstâncias não me permitiram sentir por eles mais que um desejo platónico, um amor vestido de ideais e lutas.
Amei-os mais do que a todos os outros por causa daquilo que eles representam. Por causa da sua fé, da sua visão, do seu labor, da sua diligência incansável. Vejo-os como heróis. Para mim são mitos.
Penso que os assusto. Ou provavelmente sou-lhes indiferente. Talvez me odeiem. Talvez ponderem por momentos a hipótese de se deixarem amar por alguém que os desafie, que os estimule, que os faça ir mais além, mas rapidamente esquecem tal sacrilégio e voltam para os braços macios e moles das suas noivas, das suas donzelas.
Cada um complementa o outro. Eles são o espelho do que fui, do que sou e do que serei.
Energia, paz, coragem. Amo-os tanto que lhes dou a minha amizade. Sem mais.
É curioso o facto de ambos terem os olhos castanhos. Uns claros e doces, outros quase negros de tão intensos. São a minha fonte de saber. A origem desta nova energia, desta nova vontade de fazer e mudar que me invade e abandona ciclicamente.
Gostava de poder ser eu mesma. Mas aterroriza-me tal ideia... Prefiro ser uma extensão deles... Nem que seja por breves instantes.
Manoel de Barros
Quatro anos volvidos, fecha-se um ciclo. Termina uma experiência no exacto ponto de onde partiu. Volto a sentir o amor utópico por um homem-ideal. Não um homem idealizado, perfeito, mas sim aquele que simboliza uma crença, uma fé. Estranha tendência esta para procurar reencarnações de D. Sebastião...
Viveria com eles para sempre. Seria sua amante, escondida em quartos de hotel e resguardada em vãos de escada... se quisessem. Anular-me-ia por eles, tornar-me-ia a mulher - adorno que tanto procuram, seria perfeita!
O tempo, o espaço, a temperatura e as circunstâncias não me permitiram sentir por eles mais que um desejo platónico, um amor vestido de ideais e lutas.
Amei-os mais do que a todos os outros por causa daquilo que eles representam. Por causa da sua fé, da sua visão, do seu labor, da sua diligência incansável. Vejo-os como heróis. Para mim são mitos.
Penso que os assusto. Ou provavelmente sou-lhes indiferente. Talvez me odeiem. Talvez ponderem por momentos a hipótese de se deixarem amar por alguém que os desafie, que os estimule, que os faça ir mais além, mas rapidamente esquecem tal sacrilégio e voltam para os braços macios e moles das suas noivas, das suas donzelas.
Cada um complementa o outro. Eles são o espelho do que fui, do que sou e do que serei.
Energia, paz, coragem. Amo-os tanto que lhes dou a minha amizade. Sem mais.
É curioso o facto de ambos terem os olhos castanhos. Uns claros e doces, outros quase negros de tão intensos. São a minha fonte de saber. A origem desta nova energia, desta nova vontade de fazer e mudar que me invade e abandona ciclicamente.
Gostava de poder ser eu mesma. Mas aterroriza-me tal ideia... Prefiro ser uma extensão deles... Nem que seja por breves instantes.