Niklos Feher
Morreu Niklos Fehér. Como voltar à realidade quando a televisão nos oferece a morte em directo? Fehér prostrado no verde do estádio. O “Público” mostra uma foto do jogador, caído sobre o relvado, olhos entreabertos, vazios. A imagem é de uma beleza assustadora. Um homem cheio de vida que cai, um corpo no seu auge. O atleta entrega-se à sua arte, morre por ela. Nos instantes que sucederam o colapso, o corpo de Fehér agita-se quase imperceptivelmente. A sua alma abandona-o. Em Guimarães, a chuva fustiga os céus, a água confunde-se com as lágrimas daqueles que presenciam a queda de um anjo. Os homens também choram, o jogo de homens termina com um grito surdo de dor, de choque, de pânico. Num segundo plano, a massa anónima manifesta-se. Alguns em silêncio, outros gritando o nome do húngaro... “Fehér!Fehér!”. A massa tem esperança, o povo acredita na ressurreição, acredita que um fôlego de vida entrará pelas narinas de Fehér, devolvendo-o ao estádio, ao futebol, a este país onde um estrange...