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A mostrar mensagens de junho, 2005

É melhor fechar os olhos

Pensava que os ecrãs da Metro TV eram os únicos espécimes que contribuiam para o agravamento do stress do cidadão incauto que sobrevive nos túneis de Lisboa. Afinal o fenómeno não se restringe ao transporte subterrâneo da capital. Nos últimos dias tenho utilizado a Vimeca (passo a publicidade - Tansportes de Lisboa) e descobri que estes autocarros também estão equipados com elegantes ecrãs plasma, transmitindo conteúdos produzidos pela Bus TV. Não faço ideia quem são os génios por detrás deste tipo de programação, mas gostaria aqui de explanar um pouco sobre a mesma. À semelhança da SIC Outdoors (que polui a praça da alimentação do Colombo), a Bus TV fornece generalidades como a metereologia, a previsão diária do zodíaco (eu, signo Peixes, tive uma certa vontade de apanhar o autocarro na direcção oposta ao local de trabalho, de tão catastrófica que era a minha sina) e publicidade institucional. Mas a verdadeira pérola é a anedota em forma de cartoon. A fórmula é simples: recorre-se ao ...
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Eles voltaram! 

O melhor de mim (digam o que disserem)

Eu fui uma fanática. Não apenas uma fã, uma fanática. Posters, T-shirts , cd’s, vídeos, gritos histéricos… tudo! A minha adolescência foi marcada por este tipo de doença que ainda ninguém conseguiu explicar com precisão. O meu objecto de adoração? Os Backstreet Boys. Eu sabia tudo sobre eles. Nomes completos, datas e locais de nascimento. Todas as letras de todas as músicas dos álbuns, de cor. Conseguia escrevê-las, se fosse preciso. Não dormi quando um deles foi operado ao coração, quando a irmã de um deles morreu. Ridículo, claro. Investir energia, dedicação e dinheiro em pessoas que nunca se vai conhecer. Adorar uma imagem que é construída por peritos em música pop , relações públicas, publicidade… enfim. Isso sei-o, agora que passaram quase 8 anos desde o início dessa febre. 8 anos depois, já não tenho 14 anos, tenho 22. já não ando no liceu, estou prestes a entrar no mundo do trabalho. Porque me lembrei de uma adoração pateta? Por várias razões: a primeira, mais óbvia, porque os B...

Too sensitive

Esse teu swing , sério, samba, bossa nova, jazz , tão bom Tão bem. O teu ar assim, fechado, vem, meu bem, meu anjo, meu céu. Cuida de mim como cuidas de ti Do espaço, do chão Sem luz, só a lua, o sol Meu bem. Vem para cá, para o meu canto Hei-de tocar na tua história Como ninguém jamais o fez. Meu bem, meu swing , bossa nova, jazz, meu amor Vem.

A morte do Homem

A morte do Homem. O último dos comunistas. O último dos políticos. Cunhal morreu amargurado. Outra coisa não seria possível. Como pode alguém morrer em paz quando sempre soube, no seu íntimo, que o seu rumo era inconcretizável? O comunismo português como projecto nunca passou da ilusão, da utopia. Mais grave foram os resultados dos regimes que a doutrina de Marx, Engels e Lenine (erradamente interpretadas) fabricou ao longo do século passado. Milhões, como Álvaro, morreram por esta causa maldita. Por ela ou contra ela. Qual é a magia? Que encanto religioso encerra a bandeira vermelha, com a foice e o martelo estampadas? De Cunhal sei muito pouco. Sobretudo memórias visuais, dos seus últimos anos à frente do PCP. A caricatura daquele homem, de sobrancelhas fartas, olhar ameaçador e discurso impertinente marcaram a minha infância e dela apenas recordo ecos televisivos. As suas intervenções intermináveis nas festas do Avante, o ódio contido e reverencial que os mais velhos (saudosistas da...

Urgentemente

É urgente o amor. É urgente um barco no mar. É urgente destruir certas palavras, Ódio, solidão e crueldade, Alguns lamentos, Muitas espadas. É urgente inventar alegria, Multiplicar os beijos, as searas, É urgente descobrir rosas e rios E manhãs claras. Cai o silêncio nos ombros E a luz impura, até doer. É urgente o amor, É urgente permanecer. Eugénio de Andrade