O ouro ao bandido
Há jeitos que não se esquecem. É como andar de bicicleta. Um olhar, cronometrado ao microssegundo, serve perfeitamente para traçar um rigoroso perfil psicológico. As pupilas mais dilatadas, as órbitas que teimam em resvalar (olhos, lábios, corpo, corpo, lábios, olhos), o adejar das pestanas mais denso e aveludado. A voz, mais colocada, dois tons mais sensual, quase quase no limite do patético-radiofónico. E mesmo quem teima em fugir ao seu destino - o de ser um corpo errante - entrega-se, assim, como quem quer a coisa, ao próximo destinatário. "É a natureza humana!", dirão alguns. "É um cabrão incorrigível!", dirão algumas. Eu sei que a vida é mais do que isso e que numa casa portuguesa fica bem, mulher que saiba por a mesa. E não nos enganemos. O que nós, mulheres, queremos, é um homem a quem estender a toalha, o tacho e o copo sobre a mesa. E o corpo também (mas isso já depende dos corpos... e das mesas). Mas o que há-de uma mulher (qualquer que seja o lad...