Salvé Cristiano Ronaldo!
CR7: Vaidade com verdade
Jogador é milionário na idade em que muitos começam a trabalhar e gosta de o mostrar demuitas formas, mas tal não lhe rouba o mérito, invulgar entre nós, de ser uma vedeta planetária
Fez-se gente a brincar com bolas, das ruas funchalenses aos grandes estádios. Fez-se rico. Muito. E os brinquedos evoluíram. Carros de luxo, jóias, namoradas vistosas. A quem é tudo permitido: a Cristiano Ronaldo ou ao dinheiro?
Gasta está a história de como o nome de um actor de segunda deu futebolista de primeira, mas não há outra. No topo do mundo a semanas de completar 24 anos, Cristiano Ronaldo Santos Aveiro é Ronaldo em homenagem ao canastrão Reagan, que veio, depois, a tornar-se no presidente americano que o capitalismo canonizou.
Tal é relevante pela ironia: nascido com uma mão à frente e outra atrás, se isso se pode dizer de um bebé, recebeu o nome de alguém que, tendo todo o poder, nada fez pelos carenciados do planeta; mas o jogador, ao tornar-se gema incrustada na coroa de um negócio de milhões, saltou num ai para os antípodas financeiros, sendo visto com desdém pelos que nele só vêem os tiques do novo-riquismo.
A haver crime na vaidade, as penas terão de ser mais duras para os que a têm sem razão. Cristiano Ronaldo não é desses. Quem vem a ser, afinal, o rapaz-homem em cujos lóbulos auriculares refulge a sigla CR7, peça de joalharia à medida de um ego que, dizem colegas ou ex-companheiras ressabiadas, gasta com uso todos os espelhos por onde passa? Quem vem a ser este tipo que estoira um Ferrari e o deixa, quase com indiferença, na berma da estrada?
Vem a ser, pelos vistos, o melhor jogador do mundo. Mas também um dos mais apetecíveis alvos de boatos ou, se os não houver, da falta deles. Tanto é notícia quando visto ou imaginado com espampanantes beldades, sejam ou não parasitas da fama alheia, como quando aparece sem namorada, por mais evidente que seja a ausência de novidade. Porquê? Porque é rico e popular. Porque muitas o acham giro, enfim, porque pertence ao povo e vende papel couché, havendo ou não notícia.
Nasceu pobre no Funchal, o mais novo na prole de quatro posta no mundo por Dolores e José Dinis Aveiro. Uma estrela terá brilhado acima das outras, nesse 5 de Fevereiro de 1985, mas ninguém adivinharia então o destino do recém-nascido. Nem mesmo quando, mal deixado de andar de quatro, só queria a bola para brincar. Nem quando foi menino acima de todos os outros no Andorinha, o clube onde o pai era roupeiro e onde começou. Ou quando foi pescado pelo Nacional, primeiro, ou pelo Sporting, depois.
Dar festival na inauguração do Estádio José de Alvalade valeu-lhe a sorte grande. O adversário era o Manchester United e, dias depois do jogo, o miúdo de 18 anos fez as malas e rumou a Inglaterra, pronto para ganhar 80 mil euros por mês, 40 vezes mais do que no Sporting. Também encheu os bolsos ao clube lisboeta, que arrecadou 18 milhões de euros, mais de 700 vezes o que pagara ao Nacional da Madeira.
Da ida para o Reino Unido resultavam duas observações distintas. Mais evidente, a ida para um dos maiores clubes do planeta. Menos clara, mas rapidamente revelada, a ida para um país em que as figuras ditas públicas são sustento diário da voracidade da Imprensa sensacionalista, matéria em que Portugal é, apesar das aparências, tão recatado como em tudo o resto.
Mal Ronlado começou a adquirir estatuto de estrela, logo foram aparecendo nos tablóides os mais mirabolantes testemunhos das raparigas que haviam dormido com ele (uma notícia dessas rende bons cobres a quem dá a cara), descrevendo-lhe os atributos, os gostos, as peculiaridades. De tal modo que, numa ou noutra ocasião, chegaram a estar em causa contratos publicitários que rendem balúrdios ao jogador.
Além desses casos há, claro, as outras, as que adquirem estatuto de namorada e gostam de aparecer. O fenómeno cresceu com a apresentadora de televisão Merche Romero, entretanto saída de cena, avolumou-se com a espampanante maiorquina Nereida Gallardo. Aparentemente, ganham mais elas do que ele com as relações, pois o estatuto de "ex", nestes casos, sempre vai valendo alguma coisa, mas tudo dá a entender que o jovem milionário não é tão vulnerável a tais situações como poderia parecer. Vive uma vida de ostentação, é certo, plasmada na colecção de carros de luxo. Pagou balúrdios para personalizar um Rolls-Royce, tem um Bentley Continental, dois Porsche Cayenne e um 911, rebentou com um Ferrari 599 GTB e quer agora um Bugatti.
Sonha com o Real Madrid, espécie de "nec plus ultra" da vaidade futebolística. Usa diamantes e gasta mais o espelho do que Narciso. Mas é um ídolo planetário, algo a que a condição de português nem sempre ajuda. A verdadeira "entourage" é a família, da mãe, Dolores, ao irmão e irmãs, incluindo a que quis cantar e escolheu o patético nome artístico Ronalda. Pela família sofre e sofreu. Ao pai doente, o mesmo que o levou a jogar à bola, deu toda a assistência possível, mas o destino e Tanatos puderam mais.
(in Jornal de Notícias, por Pedro Olavo Simões)
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Desporto/Interior.aspx?content_id=1070892
Jogador é milionário na idade em que muitos começam a trabalhar e gosta de o mostrar demuitas formas, mas tal não lhe rouba o mérito, invulgar entre nós, de ser uma vedeta planetária
Fez-se gente a brincar com bolas, das ruas funchalenses aos grandes estádios. Fez-se rico. Muito. E os brinquedos evoluíram. Carros de luxo, jóias, namoradas vistosas. A quem é tudo permitido: a Cristiano Ronaldo ou ao dinheiro?
Gasta está a história de como o nome de um actor de segunda deu futebolista de primeira, mas não há outra. No topo do mundo a semanas de completar 24 anos, Cristiano Ronaldo Santos Aveiro é Ronaldo em homenagem ao canastrão Reagan, que veio, depois, a tornar-se no presidente americano que o capitalismo canonizou.
Tal é relevante pela ironia: nascido com uma mão à frente e outra atrás, se isso se pode dizer de um bebé, recebeu o nome de alguém que, tendo todo o poder, nada fez pelos carenciados do planeta; mas o jogador, ao tornar-se gema incrustada na coroa de um negócio de milhões, saltou num ai para os antípodas financeiros, sendo visto com desdém pelos que nele só vêem os tiques do novo-riquismo.
A haver crime na vaidade, as penas terão de ser mais duras para os que a têm sem razão. Cristiano Ronaldo não é desses. Quem vem a ser, afinal, o rapaz-homem em cujos lóbulos auriculares refulge a sigla CR7, peça de joalharia à medida de um ego que, dizem colegas ou ex-companheiras ressabiadas, gasta com uso todos os espelhos por onde passa? Quem vem a ser este tipo que estoira um Ferrari e o deixa, quase com indiferença, na berma da estrada?
Vem a ser, pelos vistos, o melhor jogador do mundo. Mas também um dos mais apetecíveis alvos de boatos ou, se os não houver, da falta deles. Tanto é notícia quando visto ou imaginado com espampanantes beldades, sejam ou não parasitas da fama alheia, como quando aparece sem namorada, por mais evidente que seja a ausência de novidade. Porquê? Porque é rico e popular. Porque muitas o acham giro, enfim, porque pertence ao povo e vende papel couché, havendo ou não notícia.
Nasceu pobre no Funchal, o mais novo na prole de quatro posta no mundo por Dolores e José Dinis Aveiro. Uma estrela terá brilhado acima das outras, nesse 5 de Fevereiro de 1985, mas ninguém adivinharia então o destino do recém-nascido. Nem mesmo quando, mal deixado de andar de quatro, só queria a bola para brincar. Nem quando foi menino acima de todos os outros no Andorinha, o clube onde o pai era roupeiro e onde começou. Ou quando foi pescado pelo Nacional, primeiro, ou pelo Sporting, depois.
Dar festival na inauguração do Estádio José de Alvalade valeu-lhe a sorte grande. O adversário era o Manchester United e, dias depois do jogo, o miúdo de 18 anos fez as malas e rumou a Inglaterra, pronto para ganhar 80 mil euros por mês, 40 vezes mais do que no Sporting. Também encheu os bolsos ao clube lisboeta, que arrecadou 18 milhões de euros, mais de 700 vezes o que pagara ao Nacional da Madeira.
Da ida para o Reino Unido resultavam duas observações distintas. Mais evidente, a ida para um dos maiores clubes do planeta. Menos clara, mas rapidamente revelada, a ida para um país em que as figuras ditas públicas são sustento diário da voracidade da Imprensa sensacionalista, matéria em que Portugal é, apesar das aparências, tão recatado como em tudo o resto.
Mal Ronlado começou a adquirir estatuto de estrela, logo foram aparecendo nos tablóides os mais mirabolantes testemunhos das raparigas que haviam dormido com ele (uma notícia dessas rende bons cobres a quem dá a cara), descrevendo-lhe os atributos, os gostos, as peculiaridades. De tal modo que, numa ou noutra ocasião, chegaram a estar em causa contratos publicitários que rendem balúrdios ao jogador.
Além desses casos há, claro, as outras, as que adquirem estatuto de namorada e gostam de aparecer. O fenómeno cresceu com a apresentadora de televisão Merche Romero, entretanto saída de cena, avolumou-se com a espampanante maiorquina Nereida Gallardo. Aparentemente, ganham mais elas do que ele com as relações, pois o estatuto de "ex", nestes casos, sempre vai valendo alguma coisa, mas tudo dá a entender que o jovem milionário não é tão vulnerável a tais situações como poderia parecer. Vive uma vida de ostentação, é certo, plasmada na colecção de carros de luxo. Pagou balúrdios para personalizar um Rolls-Royce, tem um Bentley Continental, dois Porsche Cayenne e um 911, rebentou com um Ferrari 599 GTB e quer agora um Bugatti.
Sonha com o Real Madrid, espécie de "nec plus ultra" da vaidade futebolística. Usa diamantes e gasta mais o espelho do que Narciso. Mas é um ídolo planetário, algo a que a condição de português nem sempre ajuda. A verdadeira "entourage" é a família, da mãe, Dolores, ao irmão e irmãs, incluindo a que quis cantar e escolheu o patético nome artístico Ronalda. Pela família sofre e sofreu. Ao pai doente, o mesmo que o levou a jogar à bola, deu toda a assistência possível, mas o destino e Tanatos puderam mais.
(in Jornal de Notícias, por Pedro Olavo Simões)
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Desporto/Interior.aspx?content_id=1070892
Comentários
Beijos
Pipoca