A linha

Eu passo a linha. Eu arrisco, eu não torno, eu não sei. Eu não quero ser assim, mas não quero ser outra. Só sei assim.

Cerra os olhos e encerra os braços em mim, com força. Asfixia-me, enevoa-me os pensamentos, não quero sentir, não te quero.
Somos um cliché. Porque não? É mais fácil ser assim.

Voltamos… o céu, inseguro, como a minha mão na tua. Dedos entrelaçados por culpa, por imposição, por cansaço, por não conseguirem resistir.

Não te resisto. Não quero.
Quero transgredir docemente, cair, insane, num apocalipse de suor, saliva, musculaturas retesadas, sangue, cheiro.
E, quando abrir os olhos, ver apenas o manto nublado da tua íris, revolta. Como os dias de marés vivas, algas, miríades de peixes prateados flutuando nos teus olhos. Um afluente desaguando no meu corpo. Sem medo. Até ao mar.

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