Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2007

Fuck!

You fucked up my head!

A linha

Eu passo a linha. Eu arrisco, eu não torno, eu não sei. Eu não quero ser assim, mas não quero ser outra. Só sei assim. Cerra os olhos e encerra os braços em mim, com força. Asfixia-me, enevoa-me os pensamentos, não quero sentir, não te quero. Somos um cliché. Porque não? É mais fácil ser assim. Voltamos… o céu, inseguro, como a minha mão na tua. Dedos entrelaçados por culpa, por imposição, por cansaço, por não conseguirem resistir. Não te resisto. Não quero. Quero transgredir docemente, cair, insane, num apocalipse de suor, saliva, musculaturas retesadas, sangue, cheiro. E, quando abrir os olhos, ver apenas o manto nublado da tua íris, revolta. Como os dias de marés vivas, algas, miríades de peixes prateados flutuando nos teus olhos. Um afluente desaguando no meu corpo. Sem medo. Até ao mar.

Papel

Papel, papel, papel. Palavras. Todos os dias as mesmas palavras, os mesmos rostos, adjectivos repetidos, fórmulas gastas. As mesmas construções frásicas, o mesmo modelo de pensamento, esta estrutura, maquinaria infernal na qual, voluntariamente, me inseri, e da qual (sei) nunca mais sairei. As cores berrantes são como um maestro, um deus ex machina… e eu deixo-me canibalizar. E canibalizo. Com os olhos, com as mãos, a boca. As mãos no teclado, botões, press play, recording… Fuck! Fuck them all. Já não quero ser diferente. Quero passar despercebida. A dor de me fazer notar é infinitamente maior do que o silêncio apaziguador da monotonia. Deixo-me levar. Não quero nada que não seja meu. Este é o meu lugar. É isto que mereço. Mas… Ele. Ele, que transforma os meus dias, ele, que põe ordem, cor, luz, nesta resma de folhas rabiscadas que é o meu coração. Amo-o… mas nunca lho direi. Só eu sei como, num insípido “gosto de ti”, digo muito mais do que é possível expressar. Nem um “amo-te” chegar...

Tourada

Graças à genialidade irónica de Ary dos Santos, a música vencedora do Festival da Canção de 1973 continua mais actual do que nunca. Em tempos de descrença e algum vazio intelectual na cultura popular, sabe bem relembrar esta preciosidade... Como é que conseguiu passar pelas malhas da censura? TOURADA "Não importa sol ou sombra camarotes ou barreiras toureamos ombro a ombro as feras. Ninguém nos leva ao engano toureamos mano a mano só nos podem causar dano espera. Entram guizos chocas e capotes e mantilhas pretas entram espadas chifres e derrotes e alguns poetas entram bravos cravos e dichotes porque tudo o mais são tretas. Entram vacas depois dos forcados que não pegam nada. Soam brados e olés dos nabos que não pagam nada e só ficam os peões de brega cuja profissão não pega. Com bandarilhas de esperança afugentamos a fera estamos na praça da Primavera. Nós vamos pegar o mundo pelos cornos da desgraça e fazermos da tristeza graça. Entram velhas doidas e turistas entram excursões en...