2006 (O que vou fazer comigo?)
O novo ano começou da melhor maneira. Vestido preto, a estrear, jantar de gala na praia de Portimão. Música ao vivo, comida deliciosa, todos os ingredientes para uma entrada em grande. À minha frente, na mesma mesa, aquele giraço com quem tive uma “cena” umas semanas antes. Ao lado dele, a giraça com quem ele estava a ter uma “cena”… naquele preciso momento. As doze badaladas soaram e, enquanto emborcava uma taça de Moet et Chandon, fechei os olhos para não ter de suportar a tortura que era ver o giraço a beijar, profusa e carinhosamente, a giraça. Tal e qual como me havia beijado, há umas semanas. Já passei por situações desagradáveis, que envolviam namoradas e coisas que tais, mas em nenhuma delas me senti tão ridícula como neste cenariozinho de ano novo. Eu não senti vontade de chorar, de lhe partir a cara (minto… sim, eu senti vontade de o esganar… só não o fiz porque achei que não valia a pena sujar as minhas mãos naquele pescocinho deslavado) ou de gritar “fui apenas mais uma”. Não. Senti-me, tão-só e apenas, ridícula. Ali estava eu, vestida a rigor (e, sim, porquê mentir, eu tinha-me vestido para ele), com cara de parva, com um pretenso sorriso de vitória, quando a única coisa que me apetecia fazer era virar costas e nunca mais ter de encarar aquela dupla magnífica. Mas, já que ali estava, mais valia analisar a situação com um aguçado olhar clínico… o que fez milagres. Ora bem, o sujeito fez-me crer, em tempos idos, que era um homem do mundo, um intelectual estilo self made man, um tipo aventureiro, mas às direitas, Um Indiana Jones da selva urbana, em suma. O que estava perante os meus olhos era mais uma personagem tirada de um sketch de humor manhoso, daqueles que tentam estereotipar a raça masculino-tuga. A garina debaixo do braço, o telemóvel última geração na mão, dividindo atenções entre os dois espécimes. “Difícil tarefa, esta de ter de mexer em tantos botões ao mesmo tempo!”, deve ter pensado o meu querido ex-Indiana. Se calhar até nem pensou nada, limitou-se apenas a alimentar o seu frágil ego com a deliciosa iguaria que tinha pela frente: “uma que já comi, outra que vou comer”. Na escala de um heterossexual do Neandertal, de 1 a 10, o meu amigo tinha atingido a pontuação máxima. Ele era o macho alfa, o zangão. Eu e ela apenas pequeninas abelhas, zumbindo em torno do seu majestoso aguilhão. Esta seria, indubitavelmente, uma noite para esquecer. E, por isso, tive a certeza, ao contemplar a chuva torrencial que se abatia sobre as areias algarvias, que 2006 ia ser um ano bestial. Porque, com um começo destes, não teria por onde piorar. Mesmo.
Este reveillon consumou em mim uma inesperada catarse de muitos erros estratégicos executados no passado. Ou seja, dei por mim a pensar por que raio dava eu tanta importância aos gajos, porque me punha toda em pulgas e cheia de expectativas cada vez que um parecia remotamente interessado. Ainda não cheguei a nenhuma conclusão, mas pelo menos a introspecção serviu para refrear os ânimos e… baixar um pouco as expectativas em relação aos outros e aumentá-las em relação a mim.
Ainda me sinto incompleta, porque não tenho namorado. Ainda faço depender o meu estado de espírito disso. Mas, pelo menos, já o admiti perante mim mesma. Uma vez, um amigo meu disse-me que, quem lesse o meu blogue, acharia que eu era uma rapariga “fácil” e que os meus textos eram um chamariz de homens. Se calhar, inconscientemente, acabei por fazer isso. Mas “isto” aqui sou eu. E eu, hoje, aqui, digo as minhas verdades. Poderão ser repulsivas para uns, atractivas para outros mas… são o que são. Nem boas, nem más.
Este reveillon consumou em mim uma inesperada catarse de muitos erros estratégicos executados no passado. Ou seja, dei por mim a pensar por que raio dava eu tanta importância aos gajos, porque me punha toda em pulgas e cheia de expectativas cada vez que um parecia remotamente interessado. Ainda não cheguei a nenhuma conclusão, mas pelo menos a introspecção serviu para refrear os ânimos e… baixar um pouco as expectativas em relação aos outros e aumentá-las em relação a mim.
Ainda me sinto incompleta, porque não tenho namorado. Ainda faço depender o meu estado de espírito disso. Mas, pelo menos, já o admiti perante mim mesma. Uma vez, um amigo meu disse-me que, quem lesse o meu blogue, acharia que eu era uma rapariga “fácil” e que os meus textos eram um chamariz de homens. Se calhar, inconscientemente, acabei por fazer isso. Mas “isto” aqui sou eu. E eu, hoje, aqui, digo as minhas verdades. Poderão ser repulsivas para uns, atractivas para outros mas… são o que são. Nem boas, nem más.
Comentários
Axo que tenho a receita ideal para os nossos problemas. Pelo menos pra mim funciona... Uma ida ao cabeleireiro. Sim... porque pseudo intelectuais somos a semana inteira... e são estes pikenos laivos de futilidade que nos ajudam a olhar um pouco mais para o nosso umbigo, a a pouco e pouco tomarmos consciência que em primeiro lugar nos devemos amar e cuidar de nós próprios.
E axo que uma ida ao cabeleireiro, um cafe, uma ida a uma loja de roupa, ou uma noite bem passada no Lux a comentar os trapinhos das outras nos fará imensamente bem.
Beijos imensos deste teu amigo
Não desesperes. A tua paz de espírito há-de chegar. E sinceramente, não acredito que dependa assim tanto do que dizes... Tens valor e valores bem mais interessantes e importantes que isso...
Um beijo doce, um obrigada, um até já, um até sempre, mil carinhos...
Rui