Lisboa efervescente
Lisboa efervescente, Lisboa fervilhante, Lisboa quente de corpos e do Sol. Este calor de Maio, estes fins de tarde que transformam a cidade num mundo de penumbra e luz, estas noites, onde vagueio, o cheiro do rio. Tudo convida ao amor, tudo pede sexo. As ruas abrem-se para os amantes, escondem-nos e protegem-nos dos olhares furtivos. E eu, fria nesta vaga amena do Estio, olho e sofro. O teu corpo ao meu lado, a tua pele, os lábios que eu queria, tudo o que nunca foi meu. Sei que o Sol te vai tisnar, sei que te tornarás ainda mais belo. E o Verão vai tornar-te apetecível e maduro, como um fruto, sumarento e delicioso. E eu só quero estar longe da tua carne, quero fugir. Quero fugir da Lisboa que me prende e me dilacera. A Lisboa onde tu a tens, onde me tiveste. Nos Invernos da minha vida fui amada, intensamente, entre cobertores e entre quatro paredes. O meu corpo não é coisa que se mostre, é para ser tida no silêncio da vergonha. Corpo de Madalena, ajoelhada aos pés do homem. Dos homen...