(Não) Penso em ti
Já não penso em ti. Já não estás, já não és. Já não há nada aqui. Já não há nada. Já não penso em ti porque não há nada em que pensar. Gastou-se o tempo, perdeu-se a paciência. Perderam-se para sempre as horas que esperei por ti. As horas, os minutos (intermináveis) à espera da tua voz. À espera de uma migalha do teu corpo, à espera da tua (com)paixão, do teu sexo. E nada. Pouco mais do que nada. Contigo, apenas humilhação e tristeza, uma pálida sombra do que sou, um triste fantasma. Dizer-te sim quando sentia não, correr para ti quando devia ficar. Ouvir quando queria falar. Entristecer quando estava alegre. Esperar, esperar, esperar. Ficar, ficar, ficar. Ouvir, ouvir, ouvir. Ouvir-te ad nauseam , ouvir as tuas náuseas, o teu patético solilóquio, as tuas queixas, a tua negação, o teu minúsculo e insignificante "eu", a esmagar-me, a diminuir-me. A mim, amazona, guerreira, mulher entre as mulheres. Mulher que tu não quiseste, mulher que tu nunca terás. Eu já não sou tua, eu so...